"Nada sobre nós, sem nós"

Como lidar com filho autista com empatia e escuta

Muitas mães de autistas vivem com uma pergunta silenciosa: “Será que estou fazendo o suficiente pelo meu filho?” É que, na tentativa de ajudar, elas tentam corrigir, ajustar ou “normalizar” comportamentos. E, sem perceber, acabam se afastando emocionalmente.

Eu entendo esse sentimento profundamente. Não como observadora, mas como uma mulher autista que cresceu ouvindo que precisava mudar. Então, por anos, acreditei que havia algo errado comigo, que eu precisava ser menos intensa, menos sensível, menos… eu.

Mas, foi somente na vida adulta que percebi a verdade: eu não precisava ser consertada, eu precisava ser compreendida. E é exatamente sobre isso que vamos falar hoje — sobre como lidar com um filho autista a partir da escuta, e não da correção.

💬 O peso invisível de tentar “acertar” sempre

A maioria das mães de autistas carrega um peso enorme de responsabilidade. Afinal, elas querem ajudar o filho a se desenvolver, evitar julgamentos e fazer o melhor. Mas, muitas vezes, esse amor se manifesta como uma tentativa de consertar. Assim, a intenção é boa, mas o efeito pode ser doloroso.

Quando você tenta consertar, você envia uma mensagem silenciosa: “Você só será amado por completo quando for diferente do que é.” Essa frase nunca é dita em voz alta, mas seu filho autista sente. Cada tentativa de correção pode soar como rejeição.

🌿 O que realmente aproxima mãe e filho autista

Com o tempo, percebi que a relação entre mães e filhos autistas não precisa ser uma batalha. Pode ser uma ponte construída pela escuta. Aqui estão três passos simples, mas poderosos, que ensino na minha Mentoria Conexão Raiz:

  1. Escute antes de interpretar. O comportamento do seu filho nem sempre é resistência. Às vezes, é uma tentativa de comunicação. Antes de corrigir, observe. Respire. Valide o que ele sente.
  2. Troque o controle pela curiosidade. Faça perguntas com interesse genuíno. “Você está incomodado com o barulho?” ou “Quer que eu te ajude a se acalmar?”. Quando o amor se torna curiosidade, o vínculo floresce.
  3. Aceite o ritmo do seu filho. Cada criança autista tem seu próprio tempo, e tudo bem. O vínculo emocional não nasce na pressa, mas na presença.

💎 O olhar que transforma

O dia em que minha mãe me olhou sem tentar me ajustar foi o dia em que comecei a confiar. Foi nesse momento que entendi o que é pertencimento.

O amor que cura não é aquele que tenta mudar o outro. É o que o vê como ele é. Esse é o tipo de amor que ensino as mães a viverem na Conexão Raiz: um amor que escuta, que acolhe e que aproxima.


🌈 Conclusão: o poder da compreensão

Se você é mãe de uma criança autista, lembre-se: seu filho não precisa que você seja perfeita. Ele precisa que você esteja presente — com escuta, empatia e paciência. A comunicação verdadeira começa quando o amor deixa de ser controle e se torna curiosidade.

E é exatamente sobre isso que eu ensino na Mentoria Conexão Raiz, uma jornada de 16 semanas para ajudar mães de autistas a entenderem seus filhos e reconstruírem uma relação leve e confiante.

Quer saber mais?

👉 Entre na lista de espera da Conexão Raiz ou me envie uma mensagem com a palavra CONEXÃO.

Autora

Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.

Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

Mundo Autista

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