Victor Mendonça e Selma Sueli Silva
Selma: As pessoas às vezes falam assim: “Nossa, que bacana acompanhar o vídeo de vocês, mas vem aqui ver minha realidade”. Sobre a realidade das pessoas, cada um sabe de si. As dores e as delícias de ser o que é, só a pessoa vai saber. Mas o que a gente vai fazer dessa nossa dor e dessa nova delícia, é a gente que está no comando. Então existe, sim, vida após o diagnóstico, e existe sim uma maneira de você se projetar no mundo todo, e/ou na sua comunidade, porque isso também já é contribuir para o mundo. Então, hoje a gente vai falar sobre cinco famosos que são autistas. Vamos falar do primeiro.
Victor: O primeiro deles é justamente o Antony Hopkins, um ator galês que ficou conhecido por vários papéis no cinema, inclusive ganhou o Oscar de melhor ator por “O Silêncio dos Inocentes”. Ele só descobriu ser autista aos 70 anos, e uma das coisas que ele falou na entrevista é que isso nunca foi um impedimento para ele no trabalho. O autista pode se desafiar e fazer uma coisa que é, talvez, contrária à sua natureza, não saber fingir, mas na atuação a gente mascara. Então esse pensamento obsessivo do autista, esse hiperfoco do autista, pode ser uma vantagem. Hopkins tornou público o diagnóstico de uma maneira bem casual.
Selma: Pois é, eu fico pensando as pessoas que falam que “autista não faz teatro”, “autista não finge”…
Victor: Não é expressivo.
Selma: Autista é gente; e gente, aprende.
Victor: Exatamente.
Selma: Aprende inclusive, estratégias, a fazer teatro… Tudo. O próximo famoso é Greta Thunberg,
Selma: A estudante ativista sueca, de 16 anos, foi reconhecida por sua participação em greves estudantis, para aumentar a conscientização sobre a mudança climática. Ela vem sendo falada em a toda imprensa mundial. Olha o hiperfoco sendo usado para o bem de todo o planeta. Em 14 de março, três políticos noruegueses propuseram nomear Greta para o prêmio Nobel da Paz. Não apenas pelo impacto de sua luta contra a mudança climática, mas também por ela contribuir para evitar futuros conflitos bélicos diante da falta de recursos naturais. Pensa bem na cabecinha dessa estudante de 16 anos. E ela foi diagnosticada com autismo e TDAH, que é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e inclusive deu uma palestra do TEDx de Estocolmo sobre o autismo, explicando que devido ao seu sofrimento — sim porque a gente luta, mas traz sofrimento — ela não consegue entender a inação do governo e dos cidadãos sobre as mudanças climáticas. É preciso agir já. Essa é uma de nossas famosas.
Victor: Isso mesmo. E outra famosa autista, atriz, é Daryl Hannah, que ficou conhecida inclusive por fazer um papel mais sensual na juventude dela, no filme “Splash – Uma sereia em minha vida.” Quem acompanha a Sessão da Tarde, essas coisas, sabe. E a Daryl Hannah também mais recentemente atuou numa série da Netflix chamada “Sense8”. Muito boa também. Atuou nos filmes “Kill Bill”, do Quentin Tarantino, é uma excelente atriz. Até estava conversando com um crítico de cinema famoso daqui de Belo Horizonte, ele falou que ela realmente é uma excelente atriz e ficou até surpreso de ela ser autista, por causa de ela ser tão competente numa coisa que, de novo, o autista geralmente… O estereótipo do autista a gente não associa. Mas a Daryl Hannah foi diagnosticada até num circunstância diferente, por ser uma menina na época. Ela foi diagnosticada aos três anos de idade e foi sugerido à mãe dela que ela fosse medicada e internada. Isso é muito triste, mas era a realidade da época, dos anos 60, quando ela era criança.
Selma: Na verdade ela era mais bebê, ela foi criança no final da década de 60.
Victor: Ela brinca, dizendo que os médicos falaram com ela assim: “Você tem que ter uma vida tranquila”. Acho que ela não os ouviu, porque ela chegou a passar mal em entrevistas, a ter fobia social, ser medicada para ter que apresentar o Oscar, por exemplo. E, no entanto, ela se tornou uma grande atriz, mostrando que a gente pode ser o que a gente quiser.
Selma: Desta aqui eu gosto muito. A Susan Boyle. Quando ela surgiu, encantou com aquela voz, a aparência dela não é condizente com a voz. Diante dos padrões gerais. O que é aparência, né? Ela era ela e pronto. A cantora escocesa que abalou o mundo depois de sua incrível apresentação musical no Britain’s Got Talent, além de lançar o álbum de estreia mais vendido de todos os tempos no Reino Unido, tem Asperger e um QI acima da média. Boyle foi diagnosticada na idade adulta, em 2012, o que foi um alívio para ela. Mesmo quando chega para o adulto, o diagnóstico é um grande alívio porque a gente passa a se conhecer melhor. A cantora foi marcada em uma grande parte da sua vida por um diagnóstico errado após o nascimento. Os médicos acreditavam que por ter sendo privada do oxigeno devido a complicações no parto, ela tinha um distúrbio de aprendizagem. E ela disse: “Eu acho que as pessoas vão me tratar melhor porque vão entender quem eu sou e porque faço as coisas que eu faço”. Você é um talento mulher!
Victor: Parabéns! E para fechar a nossa lista dos cinco famosos que são autistas, tem uma que eu adoro.
Selma: Ah, eu também! Eu também! Eu também!
Victor: É a Courtney Love. Ela ficou muito famosa por ser viúva do Kurt Cobain; ela também teve a banda Hole, que vendeu milhões de álbuns. Ela é atriz, foi indicada e ganhou vários prêmios por “O Povo contra Larry Flynt”, que é um filme muito bom. Recomendo que vocês assistam.
Victor: Ela tornou público o diagnóstico dela mais ou menos nessa época, 1995, em uma entrevista a uma revista e também na autobiografia lançada em 1997. “Courtney Love The Real History”. E é engraçado que às vezes a gente pensa nela como uma pessoa que teve uma vida muito agitada, mas tem a música “Retard Girl”, por exemplo, que é um rock bem pesado no final dos anos 80 em que ela fala justamente sobre uma menina tímida, com dificuldades de socialização, que era a Courtney Love. Muitos dos comportamentos inadequados que ela teve em público passam a ter sentido agora.
Selma: Muita gente apontando o dedo.
Victor: Não se pode julgar.
Selma: Não. Acontece toda hora e a gente tem que pensar nisso.
Victor: Ela foi diagnosticada aos nove anos de idade, também depois de muitas dificuldades de interação para fazer amigos.
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