A Casa Martins é a primeira ocupação de mulheres da América Latina. A sede fica na Rua Paraíba, 641, Funcionários. Assim, o coletivo é um movimento pela emancipação das mulheres e o fim da violência! Ontem, entretanto, a casa recebeu um público diferente. Então, foi a vez da Casa Tina Martins e as mulheres PCDs.
Desse modo, no mês de luta e resistência das mulheres, a Casa Martins abriu diálogo. Aliás, um debate sobre o espaço que as mulheres com deficiência ocupam nos feminismos e na sociedade. Tudo isso acontece para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Uma sociedade que contemple todas as vulnerabilidades. Com dignidade e respeito, certamente.
O assunto sobre as mulheres com deficiência foi tratado a partir da ética do cuidado. As palestrantes levantaram propostas feministas, além, claro, da luta anticapacitista. Uma luta que ecoa nos espaços sociais e se soma à luta das mulheres.
GabiSol [Gabriella Sabatini]
“Não mais Gabriella. Nem Sabatini. Tão pouco Gabriella Sabatini. Pode a norma, enquanto linguagem, nomear meu corpo? Um corpo feminino com deficiência? Um corpo absurdo! Pode a norma nomear aquilo que chama? Eu! Falar do corpo, das mulheres e da deficiência: é tratar de muitas. De nós! Prazer: GabiSol!”
Isadora Nascimento
Advogada, produtora de conteúdo. Palestrante e consultora em audio-descrição. Autora do perfil @olharcotidiano e coordenadora da diretoria de acessibilidade do Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre Violência de Gênero da UFMG. Ela integra o movimento vidas negras com deficiência importam.
Mariana Silva
Doutoranda em Comunicação Social pelo PPGCOM-UFMG. É membro do grupo de pesquisa Afetos. Discute acessibilidade e vulnerabilidades no campo da Comunicação. Pós Graduada em Direção Criativa de Moda pelo Centro Universitário UNA. É, ainda, funcionária efetiva na Fundação TV Minas. Aliás, atua como produtora e repórter de TV, com foco em cultura e moda.
Sophia Mendonça
Jornalista, escritora, apresentadora. Além disso é produtora de conteúdo e mestra em Comunicação Social. A linha de pesquisa é Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades, pela UFMG. Membro do Afetos. Seus trabalhos giram em torno de autismo e neurodiversidade, acessibilidades afetiva e amorosa. Portanto, fala questões de gênero, etnografia virtual. E ainda, comunicação pelas mídias digitais e narrativas de vida.
Eu acompanhei Sophia ao evento. E, confesso fiquei surpresa. Ainda que acostumada a participar de encontros da mesma natureza. Mas esse foi bem diferente. Ouvi relatos e reflexões de uma clareza e sensibilidade absurdas.
A doutoranda Mari nos convidou a pensar o quanto as mulheres com deficiência, ainda, são invisíveis. Dessa maneira, ela falou da necessidade de um discurso pedagógico. Ou seja, precisamos educar a sociedade para o debate produtivo. Ao final, uma frase dela me cortou a alma: “Muitas vezes, o conceito social da deficiência é mais pesado que a própria deficiência ou diagnóstico.”
A produtora de conteúdo Isadora me levou à reflexão sobre a sua trajetória. Ou seja, o caminho para o entendimento sobre a interseccionalidade. Interseccionalidade entre a deficiência, a mulher e a pessoa negra. No quesito ser ‘feminista’, Isadora levou um tempo maior para se encontrar num movimento. Ela queria sentir pertencimento e acolhimento. Hoje, Isadora faz parte do movimento vidas negras com deficiência importam.
A fala de GabiSol, confesso, me atravessou com o convite ao pensamento. Aliás, mais que simplesmente pensamento. Ou seja, o pensamento ato, que já se diz antes de se converter em linguagem. Já a linguagem, mesmo que bem intencionada, já nasce fracassada. É no que acredita Como falar sobre algo tão visceral como a experiência de um corpo feminino com deficiência? No pensamento ato o corpo com deficiência basta!
Sophia, com fala mansa e pausada, teceu sua experiência intrigante. Por exemplo, do autismo entrecortado pelo gênero. Porque calar o cérebro neurodivergente? Aliás, por que acreditar que ele não seja capaz de se dizer a seu modo? Em outras palavras, falar com sua verdade e sua história. Mas que isso, Sophia questionou sobre os profissionais de saúde. Ponderou que muitos não validam as PCDs. Então, por que insistir na tese do ‘não sujeito’, ‘não gente’? Por que, simplesmente, não debruçar um olhar compassivo e benevolente sobre o ser. Para que, dessa forma, possam descobrir a riqueza, certezas e incertezas de um corpo deficiente.
Saí do evento, como bem gosto, plena de novos questionamentos. Portanto, há que se pensar sobre a pluralidade feminina. Ou seja, nessa força avassaladora que nos toma a todas. Mulher – branca, preta, amarela, com ou sem deficiência, rica ou pobre. Mulher plural com a força da gestação de um ser, o seu próprio ser. Mulheres várias e que, ainda assim, devem ser unas. Aliás, só assim, poderemos alcançar a verdadeira sororidade.
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PARABÉNS. Nós homens, mulheres deficientes a luta é diária, seja seja para vencer a invisibilidade ou para lutar por direitos. Eventos assim trás a reflexão sobre como trazer esta pessoas a socialização bem como garantir cidadania.
Obrigada, Helenicio. Siga com a gente!