Eu tenho um histórico de infância e adolescência com especificidades de interação e comunicação. Porém, eu não sabia porque isso acontecia. Neste aspecto, havia uma característica do gênero feminino no Espectro Autista, que é o mascaramento social. Então, minhas características autistas passavam batido socialmente. Afinal, eu conseguia mascarar muito delas. Porém, isso me causava muito sofrimento.
Dessa forma, eu tenho um longo histórico de depressão e de transtorno de ansiedade desde a adolescência. Isso, ao longo da trajetória profissional e pessoal, me causou uma série de consequências. Então, chegou a um momento na vida que eu já fazia terapia há algum tempo, querendo sempre me conhecer. Também, eu fiz tratamento psiquiátrico por muito tempo, mas sem conseguir entender realmente aquilo que acontecia comigo.
Diagnósticos de condições coexistentes surgiram primeiro
Os diagnósticos das condições coexistentes vieram primeiro. Estas foram a depressão e síndrome do pânico. Porém, no ano de 2017, eu fui em busca do meu diagnóstico. Isso ocorreu principalmente devido à influência de acompanhar as produtoras de conteúdo e escritoras Sophia Mendonça e Selma Sueli Silva por anos.
Na verdade, o autismo começou a fazer parte do meu questionamento em 2014. Isso porque foi quando eu comecei a me autoconhecer melhor. Assim, fui em busca desse tipo de conhecimento e informação. Porém, aceitá-los foi difícil no começo. Mesmo assim, chegou uma hora em que percebi que era preciso me compreender realmente.
Por isso, acompanhar o canal do YouTube Mundo Autista foi super importante. Afinal, o diagnóstico da Selma, em 2016, me deu coragem de ir atrás do meu no ano seguinte. Enfim, eu procurei um especialista. E, após várias consultas psiquiátricas e avaliação neuropsicológica, o diagnóstico chegou.
DIferenças entre o pré e o pós diagnóstico
A principal coisa que mudou para mim foi a qualidade de vida. Finalmente, soube o que acontecia comigo e sobre como eu funcionava. Isso me levou a respeitar os meus limites e entender o que eu queria fazer com isso. A partir de então, foi muito mais fácil eu caminhar na minha vida. Isso ocorreu desde nos aspectos profissionais até à busca por ajuda. Portanto, soube por onde eu queria caminhar na terapia.
Muita gente tem medo do diagnóstico adulto na questão de taxar, de ficar rotulado. Nesse sentido, eu também tinha medo. Então, fiquei com esse receio por alguns anos. Também, quando eu tive o diagnóstico fiquei com medo de falar sobre isso. Assim, fui falando aos poucos. Depois eu entendi que, além de me ajudar, falar abertamente é muito importante para outras pessoas que se identificam com a condição.
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Autora do Artigo
Myriam Letícia é psicóloga formada pela UFMG em 2009 e servidora pública. Ela possui pós-graduação em Transtorno do Espectro Autista. Além diso, é pós-graduanda em Filosofia e em Terapia Cognitivo-Comportamental. Também se dedica às artes e à música.
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