É desumano exigir que uma pessoa autista exponha sua dor para que sua condição seja considerada “real” ou “válida”. Afinal, a dor não é espetáculo. E nossa existência não é um show. Isso porque não somos animais exóticos a serem observados com estranheza. Nem nossa vivência deve ser usada para satisfazer a curiosidade alheia.
Entretanto, o que vemos, frequentemente, são pseudo-doutores e influenciadores do autismo explorando nossas vulnerabilidades como se fossem ferramentas de entretenimento. Dessa forma, distorcem a narrativa para moldar uma imagem estereotipada. Ou seja, confortável para o público e lucrativa para eles. Transformam nosso sofrimento em conteúdo consumível e, assim, reforçam ideias capacitistas que reduzem nossa complexidade a meras caricaturas.
Pelo respeito à existência dos autistas, Autistas não precisam provar nada
Portanto, ser autista não é viver em função de educar o outro. Além disso, não é performar sofrimento para se encaixar no que esperam de nós. Afinal, a experiência autista é vasta e plural. E a legitimidade dela não depende de quão visível é a nossa dor.
Então, o respeito deve vir pela nossa existência. E não pela exposição de nossas dificuldades. Portanto, precisamos desconstruir a ideia de que só é autista quem sofre o tempo todo. Assim, precisamos combater essa narrativa perversa que transforma a dor alheia em espetáculo. Afinal, não estamos aqui para atender às expectativas de uma sociedade que só reconhece o que é capaz de ver.
Autistas não precisam provar nada
Portanto, exigimos respeito pela nossa complexidade. Também pelas nossas conquistas e pelas nossas dificuldades. Sejam elas visíveis ou não. Nossa vivência não precisa ser exposta para ser validada. Somos humanos completos, com nuances e profundidade, e merecemos respeito simplesmente por existir.
Nossa dor não é espetáculo. Nossa humanidade não está em debate.
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Texto da associação Autistas Brasil
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.