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Autista pode beber?

Hoje eu quero conversar sobre um tema que eu sei que é polêmico e gera muitas dúvidas: autista pode beber? Afinal, autistas podem consumir bebida alcoólica?

É uma pergunta que surge com frequência e, sinceramente, a resposta não é um simples “sim” ou “não”. Então, vamos conversar um pouco sobre isso.

Autista pode beber? O Direito Legal vs. A Reflexão Pessoal

Vamos começar pelo óbvio: legalmente, um autista adulto que não é interditado judicialmente tem todo o direito de beber, assim como qualquer outra pessoa. Isso é um fato.

Mas, para mim, a questão vai muito além do “pode” ou “não pode”. Isso porque eu sempre fico pensando: o que nos leva a beber?

Penso que essa é uma resposta profundamente pessoal. E é sobre a minha perspectiva que eu gostaria de falar hoje.

O Meu Ponto de Vista se o Autista pode beber: Autismo e a Busca Pelo Controle

Eu, Sophia, não gosto de fazer coisas que tirem a sensação de controle que eu tenho do mundo. Afinal, acredito que isso é algo muito precioso para mim. E acredito que para muitos autistas também.

O mundo, para nós, é frequentemente um lugar muito imprevisível. Isso porque lidamos diariamente com estímulos inesperados, demandas sociais complexas e um ambiente que nem sempre é adaptado às nossas necessidades sensoriais.

Por causa disso, eu estou constantemente buscando essa sensação de controle para me sentir segura. Portanto, quando aparece algo que pode me desestabilizar ou tirar esse chão que eu lutei tanto para construir – como o álcool, que altera a percepção – isso é algo que me traz sofrimento.

Por essa razão, eu pessoalmente evito beber. Então, não é uma coisa que eu goste de fazer.

Cada Autista é Único: Os “Casos e Casos”

Claro que essa é a minha experiência. E eu sei que existem outros autistas que vão dizer que se socializam melhor quando bebem. Talvez a bebida ajude a diminuir momentaneamente a ansiedade social ou a “lubrificar” as interações que são tão difíceis para nós.

Mas, como eu sempre digo no canal, existem “casos e casos”. Isso porque o espectro é vasto. E as nossas experiências com o mundo também são.

O Ponto Mais Importante: A Consciência

No fim das contas, independentemente de você beber ou não, eu acho e penso que o mais importante de tudo é a consciência

.

Portanto, mais importante do que a bebida em si, é a gente ter consciência do porquê estamos fazendo isso.

  • Estamos bebendo por pressão social, para “encaixar” em um grupo?
  • Estamos bebendo para fugir de um meltdown ou de uma sobrecarga sensorial?
  • Estamos usando o álcool como uma muleta social?

Então, quando temos essa clareza e essa honestidade conosco, evitamos cair no excesso. E, principalmente, evitamos nos ceder ao vício. Este sim é um outro problema muito mais sério e que pode complicar ainda mais os nossos desafios diários.

Assim, o autoconhecimento é sempre a nossa maior ferramenta.

E vocês? O que pensam sobre isso?

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Autora

Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UFPel). Idealizadora da mentoria “Conexão Raiz”. Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.

Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).

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