Eu me sentia muito sozinha quando era criança. Minha primeira lembrança de desejar muito ter amigas para brincar, é de quando estava com 10 anos. Hoje sei que autista gosta de ter amigo, mas não sabe como. Eu acabara de completar 10 anos. Estava na quarta série. Percebi que já não poderia ter ‘amiga de infância’. Sofri muito. Chorei. Minha mãe quis saber por que, mas eu não soube explicar.
Entrei para o fundamental II. Já não trazia comigo a ilusão de amizades. Sentia-me menor que minhas outras colegas. Quando me aproximava não conseguia entendê-las. Era um desconforto que me acompanhava no dia a dia. Assumi que escola era para estudar, somente. Em casa, eu tinha minhas tarefas. Que fazer se a vida era assim? Passei a escrever meu diário. Aliás, até hoje, ele é meu grande companheiro.
Na sexta série, aos 12 anos, conheci uma garota de 18 anos. Ela se aproximou de mim. Pela primeira vez, senti que tinha uma amiga. A gente não se encontrava, não tinha atividades fora da escola, não passava o recreio juntas. Mas pelo menos ela parecia me entender melhor que todas as outras meninas de minha idade.
No ensino médio, tive meu primeiro namorado. Tentei diminuir a sensação de solidão, de inadequação com ele. Mas, cá entre nós, namorar parecia bem mais complicado que ter amigos. Mas pelo menos, eu consegui namorar. Foi quando meu sofrimento mudou de jeito. Agora, fico constrangida ao relembrar de tanta relação abusiva em minha vida.
Entretanto, consegui ter uma amiga. Era meu suporte para conseguir vencer aqueles dias difíceis de Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – Cefet-MG
.Aos 21 anos, me sentia velha. Muito velha. Era uma sensação de que perdi tempo com meus namorados. Autista gosta de ter amigo, mas não sabe como. Assim, pensei que com o namoro seria diferente. Arranjei um namorado e me empenhei na relação para que pudesse me casar e deixar de ser sozinha. Em outras palavras, comecei a gravitar ao redor do meu futuro marido. Nos casamos 5 anos mais tarde. Os poucos amigos eram os amigos dele. Ainda assim, eu tinha de respeitar esse espaço deles.
O lugar que tive bons (e poucos) amigos foi no serviço. É certo que não frequentava a casa deles e nem eles a minha. Ainda assim, pensei que os teria para sempre, em qualquer situação. Mas não era e não foi assim. Por mais incrível que pareça, a única amiga que mantenho até hoje, de forma mais constante, mora, há muitos anos, no exterior.
Atualmente, embora me sinta muito amada, ainda não consigo manter meus amigos comigo. Conclusão: não aprendi, nesses anos todos, como fazer e manter amigos. Hoje, em especial, estou me sentindo esvaziada de amigos. Como dói!
Texto da jornalista Selma Sueli Silva
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Tenho uma pequena autista que é muita nervosa e as respostas são na ponta da língua isso afasta muito rápido as crianças dela ela reclama muito diz que não consegue controlar o nervosa que a cabeça sente muita vontade de gritar correr e chorar
Sim faz tratamento
Mas faz um ano nada mudou sempre irritada um minuto de sorriso 1 hora de cara fechada
Gisele: Isso tudo acontece pq ela não sabe lidar com as em ações. Embora toda criança seja assim, com a criança autista é tudo muito intenso. Ela precisa de uma profissional que a oriente sim. Se ainda não deu certo, troque. Bjo e boa sorte.
Foi assim que aconteceu comigo…eu não consigo conhecer as pessoas.. pode levar até meses pra mim conseguir entender se ela é minha amiga ou não… eu tentei várias vezes ter um melhor amigo.. eu forçava sempre a amizade.. chegando a ser um pouco chato mas nunca conseguir. A primeira e última vez que deu quase certo foi no ensino médio… porém ele morreu de câncer. Foi muito esquisito eu lembro de olhar pro céu e pensar que louco meu único amigo morreu e agora ? Eu lembro que ele não respondia mais minhas messagems e quem me contou que ele tinha morrido foi a namorada dele depois de um tempo. Rapaz essse negócio de escrever é bom to bem melhor depois dessa leitura.