O autismo, sexualidade e autonomia são o sonho (e o pesadelo) de muita gente dentro do espectro. A pessoa autista, do ponto de vista físico, se desenvolve como uma pessoa neurotípica. Mas esse desenvolvimento pode não acompanhar esse ritmo em outras áreas. Por exemplo, no aspecto emocional. Então, muitas vezes, pais e cuidadores não acreditam que o autista possa se relacionar afetiva e/ou sexualmente.
A primeira novela, em 2013, com uma personagem autista apresentou várias polêmicas. A Linda, de “Amor à Vida”, foi vivida pela atriz Bruna Linzmeyer. Ela apresentava sinais de comprometimento mais grave, dentro do TEA. Inclusive de déficit intelectual.
No entanto, com intervenções feitas já na fase adulta, ela evoluiu. Até se casou. Entretanto, na fase adulta, as possibilidades de intervenção são mais limitadas. Então, na própria cena do casamento, Linda parecia não compreender o que acontecia com ela e seu entorno.
Houve, certamente, uma confusão no conceito do autismo. Na construção da personagem, não ficou claro quais seriam as condições coexistentes dela. E são, exatamente, essas condições que indicam as possibilidades de autonomia do autista.
Além disso, a legislação brasileira
resguarda o direito à autonomia e ao próprio corpo da pessoa no TEA. Mas, dependendo dos diagnósticos e características, o autista pode ser interditado. Ou mesmo considerado legalmente incapaz. Aliás, a mensuração dessa incapacidade é um desafio, na prática.Assim, muitos pais e cuidadores ficam confusos. Em 2017, a Abraça (Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas) lançou um manifesto sobre o assunto. Nele, havia a denúncia, por meio de relatos de autistas, do impedimento aos direitos sexuais e reprodutivos. Tudo em razão da deficiência. Inclusive com castração química. Para a Abraça, tal postura contraria radicalmente a legislação vigente.
Logo, em se tratando do autismo, sexualidade e autonomia a pessoa no espectro conserva o direito ao amor e à sexualidade. Mas precisamos compreender as nuances e características de cada autista. E, assim, evitar os temidos relacionamentos abusivos.
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