Hou vou falar sobre autismo e altas habilidades/superdotação, ou dupla excepcionalidade. Aliás, este é um assunto complicado. Afinal, muitas vezes as pessoas pensam assim: “Nossa, quem me dera ser superdotado“, “quem me dera ser ter altas habilidades“.
Aliás, eu levei um susto muito grande quando a minha psicóloga me informou da presença dessas altas habilidades em mim como diagnóstico. Ou seja, como algo que estava e esteve sempre em mim.
Inclusive, eu pensei: “Como assim? Mas eu sou autista, por que isso não foi levantado quando veio o diagnóstico de autismo?“. Então, ela me explicou que são, na verdade, dois diagnósticos separados. Assim, a pessoa pode apresentar altas habilidades. Porém, quando as altas habilidades vêm junto com uma deficiência como autismo, dislexia ou TDAH, aí é chamada de dupla excepcionalidade.
Então, no meu caso, existe a dupla excepcionalidade. Mas o que seriam essas altas habilidades? É que, no meu caso, apresento um desempenho melhor nas questões de vocabulário e da escrita. Além disso, verificou-se que tenho condição de avaliar vários pontos, assuntos diversos e, em pouco tempo, alinhava-los e dar nova forma. Ou seja, sou capaz de chegar a um consenso, a uma referência, a uma conclusão derivada de vários estudos que podem acontecer num curto espaço de tempo.
Porém, por ter usado essa característica como jornalista, eu pensava sinceramente que todo mundo era assim. E não me sentia nenhum pouco com altas habilidades quando pensava nas minhas dificuldades em amarrar sapato e colocar ou abotoar uma roupa. Além disso, tinha dificuldade em perceber algumas pegadinhas que eram óbvias para a minha irmã a caçula lá de casa.
Então, ao contrário, eu me sentia muito burra. Mas não. Mais tarde eu vim a saber dessas altas habilidades. E com diagnóstico tanto do autismo tanto das altas habilidades, a gente pode jogar luz no que a gente tem de habilidades e trabalhar, então, essas limitações. Ou seja, saber onde está a alta habilidade e onde estão as coisas em que eu tenho dificuldade.
Este é um espaço é muito grande. Então, normalmente as pessoas focam no que é ruim, no que é limitante. Aliás, eu poderia ser julgada como uma aluna desinteressada, uma aluna que não está nem aí. Porém, eles perceberiam que havia uma discrepância entre minhas competências e dificuldades. Mas, no meu cas o, com a capacidade de aprender com facilidade, o foco foi dado a isso e o autismo ficou esquecido.
Isso me trouxe um problema. Afinal, eu tive que fazer um esforço muito maior para dar conta da minha vida. Então, o diagnóstico serve para, ao detectar a deficiência, oferecer à pessoa o suporte para que ela trabalha suas limitações. Já se detectadas as altas habilidades ou a superdotação, você também terá que dar suporte. Afinal, uma inteligência privilegiada ou as altas habilidades em si não gera nada. Ou seja, a gente tem que fornecer suporte e, inclusive, o entendimento dos educadores para que eles possam dar a essa criança a condição de um desenvolvimento pleno.
Isso ainda é um desafio no Brasil, porque quando há o superdotado o professor acha assim “não, eu não consigo lidar com essa criança“. Porém, essa criança não é só a superdotação, ela não deixa de ser uma criança que vai precisar do educador. Mas, o educador tem que conhecer as ferramentas necessárias para que ela se desenvolva no máximo do seu potencial.
Dessa forma, o importante é o diagnóstico que nos direciona e que a pessoa que foi diagnosticada é um ser humano que, como outro qualquer, precisa de estímulos. Só que, nesse caso, são os estímulos específicos que a gente vai aprender e conduzir essa pessoa a ir para um pleno desenvolvimento. Então, não é falta de interesse muitas vezes… “Ah, mas é tão bom em casa com isso ou aquilo e em outro lugar é péssimo com aquilo e aquilo outro“.
Isso é possível acontecer e a gente não vai rotular. Assim, a gente vai descobrir as habilidades, jogar luz nelas, dar suporte. E vamos descobrir as limitações e dar suporte também para o desenvolvimento do ser humano criar valor para a sociedade, que é o mais importante.
Selma Sueli Silva é uma youtuber, escritora, podcaster e radialista brasileira. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+.
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Olá. Estamos suspeitando de Altas Habilidades na nossa pequena. Ela sempre esteve a frente do seu tempo.
Criamos um Instagram para mostrar alguns vídeos: @liviaaggio
Vou conferir. Obrigada pela partilha.
Ser desinteressada na escola é muito comum nos superdotados agente se sente entendiado a escola tem muito o que mudar e por conta disso muitos acabam nao desenvolvendo suas habilidades
Super verdade!
Acredito por ela ja ser autista ela nunca teria percebido que era diferente porque tudo ela acreditava que tudo vinha do autismo mas na verdade tinha as caracteristicas de ahsd. Quando a pessoa so tem ahsd ela percebe que é diferente e busca a vida toda descobrir o motivo dos seus problemas, mas pode acontecer o contrario tbm.
Isso mesmo. Ab