Desde criança, eu penso demais. Mais tarde, soube que isso acontecia por causa do autismo e o cérebro neurodivergente e hiperexcitado. Por isso, preferia me manter calada. E pensativa.
Nosso tempo
A nossa civilização se baseia, sobretudo, no calendário gregoriano. Então, ele é organizado de forma linear, com começo, meio e fim. O início é marcado pelo nascimento de Jesus Cristo e o fim, segundo a Bíblia, será marcado com o retorno dele. Outras civilizações, no entanto, compreendem o tempo de maneira diferente. Para os Maias e Astecas, por exemplo, o tempo acontecia em ciclos que se repetiam. Por isso, o calendário deles era circular.
E ainda tem o Kairós
Kairós, palavra de origem grega, significa “momento certo” ou “oportuno”. É uma antiga noção dos gregos sobre o tempo. O termo kairós teria surgido a partir de um personagem da mitologia grega. Kairós era filho de Cronos, deus do tempo e das estações.
Ao contrário do pai, Kairós expressava uma ideia metafórica do tempo. Para ele, o tempo era não-linear. Não se pode determinar ou medir. Assim, “kairós” é um momento oportuno único. Então, ele pode estar no espaço de um tempo físico, determinado por Cronos.
Minha busca pelo entendimento do tempo
Diante disso, por vezes, quis parar meu cérebro neurodivergente e hiperexcitado. Contudo, não era possível. Primeiro porque sempre foi mais forte que eu. Segundo, porque um psiquiatra me disse, certa vez, que o cérebro de um autista empenha um esforço duas vezes maior que o cérebro da pessoa típica.
Portanto, entender a diversidade composta por nossas diferenças é o que torna a humanidade mais fortalecida e criativa. Vamos criar uma nova realidade? Abandonar a escravidão do tempo Cronos? Assim, podemos nos lançar a degustação da vida sugerida pelo tempo kairós. Que tal? Você topa?
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