Selma Sueli Silva
Todo mundo esperava com muita ansiedade a terceira temporada de “Atypical”. Estávamos doidos para saber o que ia acontecer com o Sam. A segunda temporada finalizou com ele acabando o ensino médio e indo para a universidade.
A grande dúvida era: ele vai conseguir? Não vai conseguir? Como é esse desafio.
E também tenho que confessar que me irritou, na segunda temporada, a mãe do Sam, em função de uma série de coisas; não digo que certas, ela trai o marido. Vem uma pressão muito grande em cima dela pelo fato de o marido, quando soube do diagnóstico do Sam, não saber lidar com isso. E ele a abandonou, passou para segundo plano. Não tinha erro de marido, de filhos, só tinha o erro da bendita da Elza.
Filho contra ela, no caso, a Casey, marido também contra ela e, enfim, queriam separar.
Então, o que será que ia acontecer na terceira temporada? Estreou no Netflix e eu assisti tudinho numa saborosíssima maratona.
E o que eu percebi? Quando começou, confesso que não estava gostando muito. Estava achando meio monótono, inclusive com a Elza meio perdida, voltando para casa, mas não para o marido. Ela voltou porque seria mais fácil ajudar a cuidar dos meninos, o Sam com 19 e Casey com 16 anos.
Pois bem, num minuto seguinte eu já passei a entender que o foco estava na entrada do Sam para a faculdade… E aí eu lembrei muito do Victor porque várias coisas abordadas ali, pelo roteirista, estavam exatamente em algo que eu conhecia muito bem.
O campus era muito grande, ele ficava confuso com aquilo, os professores cada qual davam as suas instruções nem sempre de maneira assertiva, a cobrança por fazer amizades, a professora de ética não queria que eles usassem o computador; então, tinha que escrever e o Sam tinha dificuldade para escrever.
Enfim, a mãe já tinha insistido para ele ter assistência, mas Sam não quis, mas depois que ele começa a enfrentar esses problemas, ele pede a assistência.
Ih… Eu tô dando muito spoiler, né? Vou ser mais genérica. Ele passa a ter uma assistência e as coisas ficam mais tranquilas para ele. Outra coisa é que ele vai descobrindo algumas coisas que são difíceis para o pensamento concreto do autista, na prática, porque ele e o Zahid que sempre o orienta e decodifica o mundo para ele, acabam se desentendendo, e Zahid fica mais afastado.
Aí ele vai entender algumas coisas subjetivas como, por exemplo, descobrir qual a essência de um pinguim.
Mas o que eu gostei muito ainda foi essa maneira de analisar a vida com o hiperfoco dele, dos pinguins. Isso é construído nessa temporada de uma maneira muito bacana.
Pois bem, as redes sociais questionam: por que nos seriados nós vemos os autistas tão fofinhos e temos uma simpatia imediata por eles e na vida real pouca gente tem paciência para isso? Isso está nas redes, não sou eu que estou dizendo.
“Poucas pessoas tem paciência com o autista”.
Ali é um recorte. Ao viver 24 horas com o ser humano, autista ou não, você vai descobrir que não é fácil. Sim, tem o ônus e bônus e a gente sempre gosta, apesar de “Atypical” ensinar para a gente como é esse fascinante mundo do autismo, e como podemos relacionar de uma forma muito bacana, porque não centra só no Sam. Na terceira temporada você tem, densamente, a construção complexa de cada um dos personagens.
A única coisa que eu continuei não gostando, confesso, é que a Elza fica ali no meio, perdida, os filhos já não precisam tanto dela, e o marido a castigando. E, gente, vamos combinar? Ou vai ou racha. Não é obrigado a perdoar, mas também ficar torturando a pobre da mulher… Que atire a primeira pedra aquele que nunca errou. Segunda chance todo mundo merece, dependendo do contexto.
Então é isso! Quer saber mais? Confira a série, que está muito boa.
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