O projeto Arte e Diferença tem como objetivo realizar encontros ampliados que promovam interlocuções teórico-práticas. E, claro, as experimentações. Portanto, ele conta com a participação de profissionais que investigam as temáticas abordadas, do ponto de vista, prático e acadêmico. Desse modo, as ações priorizam a participação de artistas e pesquisadores que experimentam uma situação de deficiência. Isso para fortalecer o princípio exaltado na Declaração dos Direitos da Pessoa com Deficiência: “Nada sobe nós, sem nós”.
Ou seja, o Arte e Diferença é um projeto de extensão da UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais. Dessa forma, ele envolve o Curso e Dança do Departamento de Artes Cênicas e a Faculdade de Educação. Aliás, o projeto propõe a realização de atividades artísticas gratuitas de Dança, Música e Teatro.
Além disso, essas atividades são ministradas por estudantes de vários cursos. Da licenciatura e bacharelado. Por exemplo, a Dança, Artes Cênicas, Artes Visuais, Música. E outras como Pedagogia, Psicologia e Terapia Ocupacional. No entanto, a supervisão é feita pelas professoras coordenadoras.
Antes da pandemia da COVID-19, as oficinas aconteciam durante todo o ano. Uma vez por semana, na parte da manhã. O espaço era o Teatro Universitário (TU-UFMG). Então, com a necessidade de isolamento social, desde março de 2020, as participantes do projeto se mobilizaram na busca de outras formas para as modalidades de intervenção. Ou seja, elas passaram a ter conexão com as áreas de atuação e com temas de pesquisa. Desde que se encontrassem de algum modo envolvidas.
Nesse momento, interrogamos os saberes do grupo. E o que poderia ser feito em um cenário de pandemia. Sabíamos que seria necessário o suporte das tecnologias. E, mais além disso, seria preciso o envolvimento de todos na proposição. O grupo considerou a relevância do ajuste para os rumos do projeto.
Assim, cada participante foi convidada a expressar seus sentimentos diante da nova realidade. Além disso, deveria expressá-los em relação ao que poderia ser construído. E, naturalmente, proposto coletivamente.
Assim, algumas ideias circularam nas manifestações do grupo. Por exemplo, música, dança, bate papo, entrevistas e sessões comentadas de filmes. Então, após um processo de diálogo coletivo, as ações da quarentena se iniciaram. De maneira que o grupo se dividiu conforme o interesse e conhecimento temático das participantes. Poucos dias depois, as atividades se iniciaram.
Desde o início, houve acolhimento presencial e remotamente. De diferentes instituições da cidade. Instituições que trabalham com pessoas em situação de deficiência. Dentre elas, o Programa Mala Lúdica, da Prefeitura de Belo Horizonte. Desde 2018, o programa participa do projeto. Inicialmente, ele viabilizava e acompanhava a participação de seus usuários nas oficinas presenciais. No contexto de pandemia, o projeto atua com o Mala Lúdica na formação continuada de seus profissionais.
Além disso, o projeto atua, com o Movimento Universitário de Inclusão – MUDI – que agrega estudantes com deficiência da UFMG. Enfim, várias atividades têm sido realizadas nesse período. Por exemplo, dentre outras, oficinas de dança, de improvisação e diário de bordo.
Todas essas ações primam pela autoralidade da pessoa. Ou seja, sua poética singular, sua estética própria, seu modo de ser e estar no mundo. Portanto, a busca está em desenvolver o potencial artístico e criativo de cada participante. Certamente, para tanto, são respeitadas as escolhas, ritmos, desejos e especificidades.
O projeto está também, vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisa Corpos Mistos. Ele é coordenado pela professora Mônica Rahme. O Grupo foi criado em 2017. A referência está na a construção de uma sociedade mais democrática. Com respeito, acolhimento e reconhecimento das diferenças.
Tudo isso, para introduzir os alunos das licenciaturas e do bacharelado nos estudos sobre deficiência. E, a partir daí, conhecer a educação especial, inclusão escolar, arte, pesquisa e diversidade. Como resultado, as pessoas da comunidade externa à universidade, também participam do projeto. Desse modo, o Projeto proporciona um espaço de discussão e aprofundamento teórico.
Portanto, para todos que estamos no projeto, o mais importante é que:
Anamaria Fernandes Viana é dançarina, coreógrafa e professora do Curso de Licenciatura em Dança na UFMG. Desde 1998, tem se dedicado de forma particular à dança com pessoas com deficiência mental (leve, média ou severa), tendo como diferencial de seu trabalho junto a este público a abordagem da dança pelo viés da arte.
Mônica Rahme é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FaE-UFMG), onde atua com pesquisa, ensino e extensão. É integrante do do Lepsi, do GT de Psicanálise e Educação da ANPEPP e da Ruepsy. Coordena o Grupo de estudo e pesquisa Corpos Mistos. Desenvolve pesquisas relacionadas ao campo da Educação Especial em interface com a Psicanálise e é autora de artigos que discutem temáticas relacionadas à inclusão escolar.
Acessibilidades para uma explosão sensorial no autismo e o Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) são…
Sophia Mendonça e o Budismo: “Buda é aquele que consegue suportar” e mesmo o inferno…
Crítica de cinema sem lacração, Sophia Mendonça lança newsletter no Substack. De volta às raízes,…
Conto infantil é metáfora para o autismo? Youtuber e escritora Sophia Mendonça lança contação de…
Nunca Fui Beijada é bom? Drew Barrymore é a alma cintilante de clássico das comédias…
Pensamento lógico e o autismo. O que isso significa? Tenho considerado o peso da ponderação…
Ver Comentários
Belíssima iniciativa das professoras Aninha e Mônica.
Sim, é verdade!