Victor Mendonça (jornalista e escritor) e Raquel Romano (arte-educadora e arteterapeuta)
Em tempos de Coronavírus, quarentena e isolamento social, como podemos utilizar a arte e a criatividade a nosso favor?
A criatividade surgiu da necessidade humana de solucionar problemas, de tornar a vida diária mais prática e confortável. Isso pode ser constatado desde os primórdios da humanidade, quando os homens construíam instrumentos rudimentares para pescar e sobreviver. Somos beneficiados com incontáveis inventos que atravessam a história do nosso mundo, facilitando a nossa vida, assim como as criações tecnológicas que tanto nos beneficiam hoje. Em tempos de Coronavírus, quarentena e isolamento social, como podemos utilizar essa ferramenta a nosso favor?
Como seres criativos que somos por natureza, cada pessoa, em isolamento, pode fazer o exercício de observar o seu ambiente com novo olhar, aguçar a criatividade e promover mudanças, seja pela estética ou pela praticidade, mas com prazer e o sentimento de gratidão pelos objetos que possui, impregnados de memórias afetivas. Daí, outras ideias surgirão, com certeza, e cada dia se torna curto para tanta criatividade.
A expressão criadora como combustível para transformações positivas
A expressão criadora é combustível para viver feliz. É o meio que cada um de nós possui para falar de fatos, sonhos, coisas, pessoas, histórias significativas, que desvendam esconderijos do inconsciente.
O lúdico é privilégio de crianças, jovens, adultos idosos, sem restrições. É possível às pessoas, indistintamente, utilizar as variadas linguagens expressivas disponíveis para todos: desenho, pintura, teatro/jogo dramático, recortes/colagens. São infinitas as técnicas disponíveis ou descobertas no decorrer do ato de criar. O jogo dramático pode ser resultado de textos criados individual ou coletivamente, bem como uma improvisação teatral pode gerar textos escritos.
Arte é o domínio da liberdade, o que significa que todas as pessoas podem se expressar meio da arte. A atividade expressiva gera prazer, libera tensões, organiza ideias, exercita percepção estética, libera bloqueios. É um santo remédio para a alma. Além disso, a fruição de um filme, de um livro, de arte, bem como visitas a museus virtuais (disponíveis na internet) ocupam a nossa mente com informações culturais, que podem ser comentadas, ampliando o repertório cultural e artístico coletivo. Enfim, a arte existe porque a vida não basta.
O bom humor e a meditação são importantes aliados
O bom humor pode ser ativado de forma voluntária, entendendo que o mau humor é um elixir amargo que exala da pessoa e contamina o ambiente. Aí tudo dá errado. Seja benevolente consigo mesmo, pois o mau humor prejudica a você mesmo, em primeiro lugar. Aprender a ouvir os seus mais íntimos sentimentos, fazer autoanálise, exercitar tolerância, ouvindo o outro com o coração, contar até 10, antes de expressar sua insatisfação. Enfim, rir de si mesmo, gargalhar diante de um filme ou piada, apreciar mais a si e o mundo a sua volta, sempre como um novo dia.
Para pessoas que moram juntas, o bom humor e a tolerância às diferenças são fatores fundamentais para uma boa convivência. Os jogos propostos são excelentes estratégias criativas para uma vida a dois, bem como compartilhar visões de um filme a que assistem juntos. Dividir tarefas e praticar elogio e gratidão são receitas que dão certo! Exercitar a criatividade a dois é um prazer desafiador, que vale a pena, pois desenvolve o autoconhecimento e a melhor percepção do outro.
Nesse tempo de restrições ao convívio físico e de isolamento social, a meditação é um meio de entrarmos em contato com a nossa essência interior. Nessa vida corrida, muitas pessoas se distanciam de si mesmas e entram em uma onda paranoica de influências externas, fúteis e negativas, fragilizando até mesmo o seu sistema psíquico e emocional.
Com o poder de ativar funções cerebrais sutis, a meditação é poderosa aliada nesse momento de harmonização da pessoa consigo mesma, fortalecendo a mente para enfrentar desafios e apoiar outras pessoas.
Dicas para uma rotina de quarentena mais leve e autônoma
Casa tem rotina, sim. Mas ela pode ser simplificada, se houver disciplina e organização. Cuidar da minha casa é como cuidar do meu corpo, abrigo sagrado da minha alma, da minha felicidade, da minha sabedoria. Vamos às sugestões:
Dificuldade de estabelecer prioridades
O planejamento pode ser norteado por uma lista de prioridades. A tendência natural das pessoas é se ocuparem daquilo que é mais agradável ou mais fácil. E acabam caindo numa cilada de autossabotagem, que se reverte em ansiedade e desconforto, pelo adiamento de ações que deveriam ser priorizadas. Então, uma técnica que funciona é preparar um diagrama com quadrantes indicando:
Em tempos de Home Office, tarefas de casa e atribuições profissionais se misturam no mesmo balaio da desafiadora rotina diária. Assim, depois de uma lista “honesta e detalhada”, segue-se o preenchimento do diagrama.
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