Ano novo, rotina nova(?) - O Mundo Autista
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Ano novo, rotina nova(?)

Ano novo, rotina nova apresenta 4 fotos da Selma. A primeira, com uma cara de resignação e os dizeres: mudou tudo. As outras 3 são carinhas da Selma assustada, de boca aberta e olhos arregalados.

De modo geral, pessoas autistas amam a rotina pela previsibilidade que ela traz. Uma rotina não traz surpresas e tornam a compreensão da vida mais fácil para nós, autistas. Então, ano novo, rotina nova?

As crianças autistas que contam com uma rotina organizada e planejada, se sentem estimuladas. Elas não vão temer o ano novo e sua rotina. Mesmo que seja uma rotina diferente daquela do ano anterior. É que, geralmente, a pessoa autista não reage bem às mudanças. Por isso, antes do início de algo novo, escola, médico, estudo, brincadeiras, a criança se sente melhor ao saber, antes, como as coisas vão acontecer.

A rotina do ano novo

Além disso, a rotina estabelecida para o ano novo é importante para evitar um dia, ou situação, estressante. Por exemplo, quando a criança autista, e mesmo o adulto, está numa rotina irregular é comum apresentarem alterações no padrão do sono, maior ansiedade e irritabilidade. Podem até mesmo, chegar a crises ou colapsos.

Na intervenção baseada em Análise do Comportamento Aplicada (ABA), os terapeutas trabalham alguns comportamentos e metas estabelecidas com relação à rotina. Os treinos estimulam habilidades úteis para o dia a dia. E até mesmo, comportamentos que se deseja ampliar ou reduzir. Assim, a criança tem um cotidiano mais tranquilo e com qualidade de vida.

Entretanto, autistas adultos sentem-se melhores se não há esse condicionamento prévio. A pessoa autista aprende na mesma medida e momento em que surgem as demandas.

Ano novo, rotina nova(?)

Para muitos pais definir uma rotina para as crianças autistas é algo realmente desafiador. Antecipar o que poderá acontecer em um ano, então… impossível. Mas essa rotina deve existir para que, mais tarde, o adulto já tenha adquirido essa habilidade. Caso contrário, o adulto pode saber o que fazer, como fazer mas não conseguir planejar, estruturar e colocar em prática, uma ação ou atividade.

Assim, o dia passa e está armado o gatilho por meio do tédio e sensação de improdutividade. Tudo isso, que leva à frustração. Quanto mais isso acontece ao adulto, menos capaz ele se sente. Certamente, toda ajuda é bem vinda. Desde que você cumpra o que prometer. Senão… Clique!

Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora. É articulista na Revista Autismo (Canal Autismo) e Conselheira da Unesco Sost Transcriativa. Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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