Willian Diego, do sétimo ano, criou plataforma para ajudar os colegas com os estudos. Imagem: acervo pessoal.
Camila Marques
A ideia surgiu durante um almoço de domingo. A intenção é criar uma alternativa para que a comunidade escolar possa estudar durante a pandemia.
Diante da pandemia, os alunos das redes pública e particular de Minas Gerais estão com as aulas suspensas. Sem previsão para o retorno, algumas escolas optaram pela adoção das aulas online, de forma remota. A aplicação das aulas, no entanto, esbarra em outra questão: a desigualdade. Em locais mais simples, principalmente, o acesso à internet ainda é um privilégio.
Assim como alguns municípios mineiros, Ribeirão das Neves, na Grande BH, decidiu voltar com as atividades comerciais diante dos impactos econômicos, adotando os princípios de higienização e distanciamento social. No dia 22 de abril, o prefeito da cidade, Junynho Martins, publicou uma nota comunicando sobre a volta das atividades comerciais.
As escolas, porém, permanecem fechadas. Sem previsão de retorno e perspectiva quanto ao restante do ano letivo, alunos, pais e professores aguardam a decisão das Secretarias Municipal e Estadual de Educação. No bairro Menezes, porém, um estudante encontrou uma alternativa. Aluno da Escola Estadual Manoel Martins de Melo, William Diego, do sétimo ano, criou uma plataforma onde os professores podem disponibilizar atividades para os alunos durante a quarentena.
Mãe do William e professora na escola, Sabrina Rodrigues de Souza conta que os professores ainda estão em casa aguardando as orientações da Secretaria Estadual de Educação. “As orientações do governo consistem em aguardar novas orientações. Acreditamos que há alguma política em andamento para o pós-pandemia em relação à educação em Minas Gerais, sendo construída pela Secretaria de Educação”, relata.
Marcelo Ataíde, diretor da escola, afirma que, para pós-pandemia, há alguns estudos sobre o retorno, mas de forma gradativa. “Diante deste cenário mundial de pandemia, a legislação permite a redução do número de dias do ano letivo. Desde o início da pandemia, o Governo de Minas t em nos orientado a manter a escola fechada e a comunicar aos seus servidores que permaneçam em casa, até que futuras orientações sejam divulgadas”.
Marcelo conta que ideias como essas não são implantadas logo de cara por questões culturais. Ele diz que professores da escola vinham pensando em alternativas para que os alunos não ficassem sem aula, mantendo o contato por whatsApp e redes sociais, assim como é realizado com a comunidade escolar atualmente. O diretor acompanhou todo o processo de implantação da plataforma, e diz que sua praticidade foi essencial para a adesão. “Os pais e ou responsáveis encontram todas as atividades de que precisam apenas acessando uma única vez. Falo isso porque muitos pais têm mais de dois filhos na Escola e, como ainda não estão familiarizados com este tipo de educação, não queria assustá-los com uma ferramenta muito complexa e de difícil compreensão”.
Ideia da plataforma “nasceu” em um almoço de domingo
A ideia do aplicativo surgiu durante um almoço de domingo, quando a mãe pediu a ajuda de William durante uma tarefa ligada ao uso da internet. De acordo com Sabrina, o filho disse que, para amenizar o impacto da suspensão das aulas, conhecia um aplicativo onde seria possível criar uma plataforma de estudo. “Eu fiquei interessada e liguei para o meu diretor. O diretor da escola também achou interessante, assim os dois começaram a organizar a plataforma e viram que realmente era possível colocar aquela ideia em prática.”
A plataforma acabou contemplando todas as séries, desde o Ensino Fundamental até a Educação para Jovens e Adultos (EJA). Para a professora, o fato de a plataforma ser de fácil acesso ajuda muito alunos e pais. Diante da situação de falta de previsão para o retorno às aulas, a professora conta que resolveu agir de forma voluntária, disponibilizando a plataforma no último dia 28. Com menos de três dias, a plataforma alcançou quase 500 acessos, com a adesão de alunos e pais e retorno positivo da comunidade escolar. A escola tem 1.444 alunos.
Embora Ribeirão das Neves já tenha registrado três mortes por causa do Covid-19 até o momento, a professora relata que não há nenhum caso ocorrido na comunidade escolar. Sobre as saudades dos alunos em voltar à escola, Sabrina diz que mantém contato com eles pelas redes sociais e que muitas famílias aguardam os auxílios do Governo, como Bolsa-Merenda, pelo Governo do Estado e o Auxílio Emergencial, do Governo Federal.
Sabrina afirma que a plataforma não tem como finalidade substituir o professor, reforçando novamente que foi uma alternativa encontrada diante de uma não-ação oficial até o momento. Ela esclarece também que, alunos que não tiverem acesso à plataforma por algum motivo não serão prejudicados, uma vez que os conteúdos serão retomados nas aulas presenciais. “Reiteramos que a experiência não se trata de educação à distância, mas sim de uma medida emergencial para reduzir os prejuízos causados pela pandemia do coronavírus na aprendizagem dos estudantes da nossa escola”. Além disso, em caso de dúvida, os pais podem entrar em contato com a direção da escola. “Todos os voluntários estão disponíveis para esclarecer qualquer dúvida dos alunos e pais”, orienta a professora.
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