Altos e baixos no SUS. Certamente, é assim. Afinal, é inerente às condições de vida. Então, Imagino a riqueza que seria a experiência de conhecer uma internação pelo SUS para um sociólogo.
Mas acontece que a experiência para duas comunicadoras, creators, youtubers, também foi rica e cheia de reflexões. Vamos lá!
A equipe médica é de excelência. Além de fazerem seu trabalho, são preceptores de alunos de medicina. O mesmo acontece com as psicóloga e assistente social que ficam atentos aos pacientes, acompanhantes e servidores da casa.
A equipe de enfermagem, técnicos e enfermeiros se divide em 70% de excelência e 30% de profissionais do tipo ‘deixe estar’.
Aliás, essa minoria acaba aparecendo mais e usam artifícios como: eu sorrio, recebo o que você diz, falo que vou fazer mas não dou retorno. Outros tendem a um procedimento que facilite tudo para ele, mas complica para o acompanhante.
Por exemplo: As equipes que ficam nas últimas colocações do ranking de excelência são: Limpeza, Portaria e Manutenção. Nesta ordem.
A equipe de limpeza não possui a autonomia de olhos atentos. Assim, só socorre os imprevistos se for informada dele. E nem sempre consegue ser diligente na faxina dos quartos pois algumas vezes, chega antes da sujeira e só volta muito depois.
Semelhante à equipe de enfermagem, a portaria, que controla o trânsito de pessoas na internação, possui 70% do quadro de excelentes profissionais e 30% daqueles definidos por Cortela, abaixo:
Assim, já havia uma semana que eu estava como acompanhante de minha filha, quando fui ‘rendida’ pelo pai dela. Desse modo, eu poderia ir em casa e pegar alguns de meus remédios esquecidos.
Quando voltei, cheia de mochilas e bolsas, apresentei a etiqueta de identificação feita por outro funcionário. Mas o tal porteiro não quis aceitar. Aliás, queria produzir outra. Até aí tudo bem. Eu iria esperar. Entretanto, ele me pediu o documento de identidade. Pedi para dizer o número. Ele não aceitou. Perguntei se ele estava brincando já que teria que descer todas as mochilas e procurar pelo documento.
Ele não arredou pé e ainda me xingou por ter colocado parte do peso na cadeira dele. Pedi que chamasse o coordenador. Ele disse: “São as regras.” Mas o bom senso? “Eu já fui cadastrada, estou aqui há uma semana, te apresentei a etiqueta feita por seu colega…” Você está abusando de sua pretensa autoridade em cima de uma mãe cansada, preocupada com a filha e neste estado:
voltou com a enfermeira que veio sorrindo: “É a mãe da Sophia.” Ele olhou e me pediu que falasse o número da identidade. Ah, eu respondi: “Agora pode só o número?” “Não falo nem se for para ganhar dinheiro.” E fiquei muito magoada com aquela falta de bom senso.
Ocupamos o quarto na sexta pela manhã e passamos sexta, sábado e domingo sem conseguir que o pessoal da manutenção arrumasse o vaso entupido, eca! Muito menos o chuveiro pingando, direto.
E para não dizer que não falei de flores, ah, os pacientes e acompanhantes… Lembrei de vovó. É que eles ficavam fazendo a maior chacrinha, como vovó dizia, até 23h. Calor, portas abertas e muito barulho. Além m disso, achavam que podiam entrar no quarto de qualquer um. Afinal, “no SUS é tudo nosso”.
Vi até acompanhante chegar anunciando que tomou todas para cumprir o plantão junto à esposa operada. Até agora não consegui entender porquê não houve interferência da coordenação de turno. Isso tudo sem contar com as reclamações bem aquém do cuidado com o que é de nós. Enfim, nem tudo são flores!
Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG), ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Prêmio Microinfluenciadores 2022, na categoria PcD. É membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022.
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