Victor Mendonça
No último 2 de abril foi comemorado o dia internacional da conscientização sobre o autismo. Este conjunto de condições neurológicas ainda é recente para a literatura médica. A Síndrome de Asperger (SA), por exemplo, embora seja a mais evidente na mídia atual, inclusive em programas da Rede Globo e outros veículos que alcançam as grandes massas, é bastante recente para o CID (Código Internacional de Doenças). Coisa de 1994 para cá. Para o DSM-V, o autismo é um espectro. Vai do leve ao severo. Uma nomenclatura que visa a ajudar a decifrar este enigma.
Em função disso, o autismo ainda é relativamente desconhecido no Brasil, por mais que atinja milhões de pessoas, muitas delas sem diagnóstico. Ao todo, estima-se que existam mais de 70 milhões de autistas ao redor do mundo. No Brasil, esta estatística chega a 2 milhões. Mitos e preconceitos ainda imperam na tentativa de se entender a realidade de cada ser que possui essa condição que afeta, principalmente, a comunicação e a interação social. Uma peça que viralizou em redes sociais no ano de 2017 afirma que se trata de uma condição impossível de ser descrita por quem está do lado de dentro e de ser perfeitamente compreendida por quem está de fora –e tem uma parcela considerável de razão.
Porém, o senso comum é desconstruído à medida que pessoas no TEA vem ganhando voz, bem como familiares que estão dispostos a ir à luta, a arregaçar as mangas para a transformação desta realidade. Vários programas de televisão vêm divulgando o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Na Rede Globo, o formato que mais dá ênfase ao tema é o Encontro com Fátima Bernardes, que já recebeu figuras como Berenice Piana, autora da lei homônima, além de autistas adultos de alto funcionamento com projeção nacional, como o cartunista Rodrigo Tramonte e o ator Nelson Marra.
A participação de pessoas no espectro autista em programas como este abre a possibilidade de fala e conscientização sobre os desafios de pessoas que se enquadram ao TEA. Embora o autismo em outros graus ainda não seja tão bem explorado, ele aos poucos vem ganhando destaques em veículos de massa, como no próprio Encontro, que já abordou o autismo severo.
O Fantástico trouxe à baila as pesquisas sobre possível cura da condição em 2 de abril deste ano, tema polêmico para alguns membros de comunidades autistas, e considerado profundamente relevante por outros. Na mesma data, em 2017, o programa colocou Nicolas Brito, autista moderado, ao lado da “aspie” Amanda Paschoal, como personagens de uma grande reportagem.
Esta é a lógica da comunicação: abrir a porta para a conscientização do autismo, mesmo que num primeiro momento dando ênfase ao TEA leve. Assim, a tendência é que outras nuances sobre o autismo ganhem maior repercussão na mídia em publicações futuras.
Este último dois de abril, então, vem carregado de um otimismo pé no chão. Isto significa, na prática, jogar luz no positivo e transformar o negativo. Afinal, a força de uma pessoa não é medida pela sua capacidade de atacar ou desconstruir paradigmas com agressividade. Isto pode até ser o melhor a fazer em determinados contextos, mas não é o ideal.
Afinal, a palavra-chave para a conscientização midiática do autismo não é ataque, e sim resistência. A transformação das nossas próprias vidas reflete no ambiente. E, assim, a Revolução Humana de cada autista, de cada familiar, de cada profissional que dedicam a vida à conscientização deste tema, contribui para transformar positivamente toda a sociedade.
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