A mulher autista e os relacionamentos abusivos - O Mundo Autista
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A mulher autista e os relacionamentos abusivos

A mulher autista e os relacionamentos abusivos representada por uma pintura colorida e abstrata

Ilustração do Power Point

Em primeiro lugar, antes de falar sobre a mulher autista e os relacionamentos abusivos vamos entender o que é esse tipo de relacionamento.

relacionamento abusivo é uma relação com abusos de ordem física e/ou emocional. Dessa forma, nesse tipo de relação, uma das pessoas utiliza a manipulação para controlar o outro. Por exemplo: ela procura o controle do uso de roupas, amizades, redes sociais, ciúme excessivo e vitimização.

Mas há, também, situações mais sutis em que o manipulador se vale de sentimentos presentes no outro: culpa, baixa autoestima, insegurança. Além disso, lança dúvidas sobre as qualidades do(a) parceiro(a).

Portanto, identificar se você está vivendo em um relacionamento abusivo não é nada fácil. Isso por não ser tão óbvio quanto quando há a agressão física. Assim, o controle e a manipulação acontecem de forma velada. Nestes casos, a ferramenta utilizada é a violência psicológica. Por exemplo: o(a) parceiro(a) passa a controlar o uso de suas roupas, das amizades, do contato com familiares etc. 

Por que a mãe ou os familiares são alvo do abusador

Quando a pessoa com quem você está passa a criticar seus pais ou familiares, fique atenta(o). O manipulador gosta de lançar dúvida nas relações que dão a você maior segurança. Assim, ele sente mais facilidade em exercer o controle sobre você.

Como nenhuma família é perfeita, há uma tendência de você dar ouvidos a essas falas. No caso da mulher autista, em que a percepção já é tão fragilizada, normalmente esse tipo de desconstrução familiar dá certo. A partir daí, então, a opinião de seu ou sua parceira(o) passa a ganhar peso. Assim como, a interferência dele(a) em suas decisões.

Outro ponto frágil da mulher autista está muito presente durante a adolescência e a juventude. Aliás, é quando ela se percebe diferente, inadequada e quer, de toda forma, ser aceita. É o que basta para transformar o(a) parceiro(a) em herói. A mulher autista fica agradecida por se sentir amada. Ou seja, amada com todas as suas inadequações. Então, como se rebelar ou não confiar em quem está do seu lado, amando você? Enquanto, todo o resto só sabe distribuir críticas. Uma falácia. O que o manipulador deseja, na verdade, é extrair o máximo da relação com você, oferecendo o mínimo. Contudo, como ninguém oferece nada a você, você passa a se contentar com migalhas.

Ao abrir os olhos

Se o manipulador percebe que, de alguma forma, você está abrindo os olhos e percebendo o jogo, pronto! Ele passa a se dedicar, profundamente, ao relacionamento. O tempo suficiente para ter você nas mãos dele, novamente.

Para a pessoa autista, não há razão para os outros não serem sinceros. Logo, além de ela acreditar cegamente no manipulador, ela também passa a se sentir em dívida com ele. E já sabem, não é? Quem está em dívida, nunca tem razão.

Os sonhos

Mas a pior atitude do manipulador é fazer você crer que ele também acredita e investe nos seus sonhos. Enquanto isso, ele corre por fora, executando e consolidando a vida dele. E da maneira como ele bem entende. Entretanto, você sequer percebe que não faz parte dessa construção.

Além disso, o ‘jogo sujo’ é que o manipulador quase nunca marca presença ao seu lado. Mas oferece algumas migalhas. É o que basta para você acreditar na vida a dois. No entanto, ele escorrega de compromissos sociais com sua família ou amigos. E você, quase sempre, o desculpa. Pensa que ele só é feliz a seu lado. E não precisa de mais ninguém. E o pior: você ainda se gaba de dos míseros momentos a dois. Sequer percebe que os ‘compromissos’ dele quase nunca o liberam para você.

Investe pouco, no ponto fraco

O manipulador adora dominar aquelas áreas vulneráveis. Oferece ajuda. É a maneira que ele tem de lembrar o quanto você é dependente dele. E você, mais uma vez, não percebe que a aparente ajuda, impede você de crescer para se tornar autossuficiente.

São vários os motivos, claro. Mas alguns deles são:

Sentimento de inadequação e necessidade de aceitação

Presença da baixa autoestima

Desejo de ter alguém para as trocas sociais

idealização da relação amorosa

Dificuldade de perceber sinais não verbais

Sentimento de culpa por não ser como todo mundo é. (Como se isso fosse possível!)

Necessidade de desempenhar papéis que a aproximem da normalidade cobrada socialmente entre outros.

Quanto mais cedo a mulher recebe o diagnóstico, menos presentes ou fortalecidas são essas características. Entretanto, se você está numa relação, mas não consegue se sentir feliz e procura fazer tudo para agradar a pessoa, analise as possíveis causas. E, claro, procure ajuda profissional imediatamente.

Gente é para brilhar. Brilhar e ser feliz!!!

Texto de Selma Sueli da Silva

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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