Anora mexeu muito comigo porque, desde o começo, a atriz Midey Madison já chega chegando. Na primeira cena, que se passa na boate onde a personagem dela é stripper, você vê que ela está cumprindo uma tarefa. E cumprindo uma tarefa bem-feita, levando tudo a sério, com problemas de trabalho. Então, essa cena já humaniza aquilo tudo. Com isso, te faz perder o distanciamento que aquela profissão tem das outras.
A partir disso, aquela mulher vai se tornando cada vez mais forte. Mas, dentro da idade que ela tem. Afinal, Anora é divertida, com os sonhos de tudo que ela quer na vida. E quando a vida cobra dela isso, quando ela pega um acompanhante de um universo muito diferente do dela, ela vai com leveza, mas com seriedade. Então, apesar de inicialmente recuar um pouco, ela mede o outro pela régua dela. E ela acredita que ele vai estar ao lado dela, inclusive para lidar contra o status quo de uma situação daquela família bilionária. Só que são dois mundos em que as pessoas têm papeis diferentes.
Sobre a força de Mikey Madison em Anora
Contudo, o que me encantou é o papel humanizado, que pode trazer uma transformação produtiva para a sociedade. Esse papel você vê na Anora. Não é endeusando a pobreza, mas endeusando a força da pessoa – alguém que poderia estar no outro universo também, embora esse filme especificamente não mostre isso.
Assim, colocaram toda essa força na personagem da Mikey Madison. E você vai se encantando, porque ela não entra em um vitimismo. Ela luta enquanto pode, com todas as armas que ela tem. Quando ela é vencida pelo sistema, você começa a perceber que o único outro personagem que também tem um pouco de humanidade é quem entendeu tudo muito antes. E foi, do jeito dele, acolhendo a humanidade dela. Este é o papel de Yuri Borisov.
Força feminina e garra marcam atuação de Mikey Madison em Anora
Dessa forma, Anora fala de força feminina e garra. A mensagem que fica é: se for para tombar, que eu tombe lutando. Foi por isso que eu não fiquei arrasada, porque eu sei que daquela experiência vai nascer uma mulher com conhecimento de universo muito maior. E que vai conhecer melhor a regra do jogo para poder ganhar a partida!
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Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG), ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Prêmio Microinfluenciadores Digitais 2023, na categoria PcD. É membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022. Como crítica de cinema, é formada no curso “A Arte do Filme”, do professor Pablo VIllaça.
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