Empatia é uma palavra que ganhou grande força de uso nos últimos anos. A força da empatia é quase um ‘Atestado de Gente Boa’. Mas é possível se colocar no lugar do outro. A empatia total não existe? Você é empático? Tem certeza?
Empatia é, na realidade, a capacidade que temos em imaginar como o outro pode estar se sentindo. Mas isso, conforme a leitura que temos do outro, dentro da nossa relação com ele. Afinal, se não somos o outro não tem como nos colocarmos em seu lugar. Segundo o filósofo australiano Roman Krznaric, empatia é sobre “achar a humanidade compartilhada”.
Dessa maneira, fica mais fácil perceber que para ter empatia é preciso agir com compaixão. Aliás, para ter compaixão é preciso saber compartilhar o sofrimento do outro. Ou seja, ter compaixão é não ter indiferença ao sofrimento do outro. Dois tipos de compaixão me chamam a atenção:
Compaixão empática: é a compaixão focada em sentir e entender o sofrimento alheio. Compaixão de ação: consiste na compaixão que vem acompanhada de uma ação com o objetivo de reduzir a dor física ou emocional do outro. Nos convida à criatividade, diante de uma realidade diferente da nossa.
Por isso, a empatia acontece na relação. Pois é ao nos relacionarmos com o outro que podemos compartilhar humanidade. E para compartilhar algo, precisamos ter esse algo. Logo, um mundo que carece de empatia é um sem humanidade. Somente quando entendemos o humanismo é que nos apropriamos da compaixão. Aí sim, estaremos prontos para sermos povos, países, sociedade, líderes ou pessoas empáticas.
Lembre-se: não existe empatia seletiva. Para ser empático é preciso compartilhar humanidade. Assim, não estaremos praticando o humanismo se selecionarmos com quem ser empático. Sem contar que essa seleção restringe, e muito, nosso avanço pessoal e social.
Portanto, ao se relacionar com um filho autista, por exemplo, não cabe, aí, o sentimento de dó, de piedade. Isso porque esse sentimento nos afasta do outro e nos leva a sensação de que ‘nosso lugar é melhor.’ Como ter essa certeza? Cada um conhece a sua realidade e como lida com ela. Ou, como diz o poeta,
‘cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.’Entretanto, gente é para brilhar. Qualquer que seja ela. Desse modo, como abraçamos a diversidade, nossas diferenças, com empatia, podemos, com a humanidade compartilhada, entender mais as necessidades de cada um. Esse entendimento nos estimula a sermos mais criativos para criar uma sociedade em que o ser humano possa ser feliz, progredir e avançar, sem ser limitado por suas características mais desafiadoras.
A força da empatia. Você é empático? Usa a força da empatia se valendo da compaixão? Onde as almas de dois seres humanos diferentes se tocam? Onde acontece a humanidade compartilhada? Quanto mais diferente for a pessoa de nós, mais complicado será encontrar o ponto da humanidade compartilhada. Entretanto, se você for alguém que não tem medo de se abrir a novas perspectivas, a ampliar o seu repertório, a avançar… bem, se você for essa pessoa será de fato, muito difícil ser empático.
Contudo, saiba: ser empático de verdade, sem seletividade, com o desejo do crescimento mútuo sempre nos trará um resultado positivo. Afinal, é dessa maneira que você encontrará criatividade para construir uma sociedade mais digna e democrática. Ou, se não “achar a humanidade compartilhada”, você terá a possibilidade de se afastar de alguém que não se abre ao avanço, sem o receio de ter deixado alguém para trás. Vamos combinar: a gente respeita todo ser humano. Mas há que se ter sabedoria para selecionar os nossos parceiros de jornada.
Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora. É articulista na Revista Autismo (Canal Autismo) e Conselheira da Unesco Sost Transcriativa. Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+.
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Na visão cristã, Deus vive a experiência maior de empatia quando ele, criador, se coloca no lugar da sua criatura.
Sim. Foi um ato de compaixão para vivenciar a humanidade de sua criação.
Obrigada.