Texto sobre 'A armadilha da medicalização na Educação Inclusiva', originalmente publicado na página da associação Autistas Brasil.
O argumento da interseccionalidade entre saúde e educação soa promissor. Em teoria, a colaboração entre diferentes áreas do conhecimento deveria fortalecer a inclusão. Na prática, porém, a lógica clínica tem avançado sobre a escola. Assim, transforma o direito à educação em um mercado altamente lucrativo.
O deslocamento é sutil, mas profundo. Em vez de adaptar o ensino à diversidade, a escola passa a encaminhar alunos para terapias. Com isso, torna-se uma triagem para diagnósticos. Dessa forma, pofessores perdem autonomia e são pressionados a interpretar desafios pedagógicos sob a ótica médica. Assim, a formação docente, já precarizada, cede espaço para intervenções terapêuticas terceirizadas.
Essa inversão de papéis não ocorre por acaso. O crescimento da indústria do autismo criou um mercado bilionário em torno de serviços terapêuticos, planos de saúde e metodologias de intervenção intensiva. Quanto mais a escola transfere sua responsabilidade para clínicas e especialistas, mais esse setor se fortalece.
O resultado é um ciclo de exclusão mascarado de inclusão. Crianças neurodivergentes são empurradas para tratamentos externos porque a escola não foi planejada para acolhê-las. Pais são convencidos de que apenas com suporte terapêutico contínuo seus filhos terão chances no ensino formal. Enquanto isso, os sistemas público e privado seguem sem investir em um modelo educacional que parta da premissa fundamental: as turmas sempre foram diversas, e a inclusão deveria ser regra, não exceção.
A medicalização do ensino não apenas esvazia o papel da escola, como impõe um modelo que beneficia a indústria do diagnóstico mais do que os próprios alunos. No fim das contas, a pergunta essencial continua sem resposta: quem realmente ganha com isso?
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