A armadilha da medicalização na Educação Inclusiva - O Mundo Autista
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A armadilha da medicalização na Educação Inclusiva

Texto sobre ‘A armadilha da medicalização na Educação Inclusiva’, originalmente publicado na página da associação Autistas Brasil.

Texto sobre 'A armadilha da medicalização na Educação Inclusiva', originalmente publicado na página da associação Autistas Brasil.

Texto sobre 'A armadilha da medicalização na Educação Inclusiva', originalmente publicado na página da associação Autistas Brasil.

Texto sobre ‘A armadilha da medicalização na Educação Inclusiva’, originalmente publicado na página do Instagram da associação Autistas Brasil.

O argumento da interseccionalidade entre saúde e educação soa promissor. Em teoria, a colaboração entre diferentes áreas do conhecimento deveria fortalecer a inclusão. Na prática, porém, a lógica clínica tem avançado sobre a escola. Assim, transforma o direito à educação em um mercado altamente lucrativo.

A armadilha

O deslocamento é sutil, mas profundo. Em vez de adaptar o ensino à diversidade, a escola passa a encaminhar alunos para terapias. Com isso, torna-se uma triagem para diagnósticos. Dessa forma, pofessores perdem autonomia e são pressionados a interpretar desafios pedagógicos sob a ótica médica. Assim, a formação docente, já precarizada, cede espaço para intervenções terapêuticas terceirizadas.

Essa inversão de papéis não ocorre por acaso. O crescimento da indústria do autismo criou um mercado bilionário em torno de serviços terapêuticos, planos de saúde e metodologias de intervenção intensiva. Quanto mais a escola transfere sua responsabilidade para clínicas e especialistas, mais esse setor se fortalece.

A medicalização na Educação Inclusiva

O resultado é um ciclo de exclusão mascarado de inclusão. Crianças neurodivergentes são empurradas para tratamentos externos porque a escola não foi planejada para acolhê-las. Pais são convencidos de que apenas com suporte terapêutico contínuo seus filhos terão chances no ensino formal. Enquanto isso, os sistemas público e privado seguem sem investir em um modelo educacional que parta da premissa fundamental: as turmas sempre foram diversas, e a inclusão deveria ser regra, não exceção.

A medicalização do ensino não apenas esvazia o papel da escola, como impõe um modelo que beneficia a indústria do diagnóstico mais do que os próprios alunos. No fim das contas, a pergunta essencial continua sem resposta: quem realmente ganha com isso?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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