Selma Sueli Silva e Camila Marques
O processo seletivo do grupo Magazine Luiza, somente para pessoas negras, gerou polêmica nas redes sociais. Somos, de fato, uma sociedade antirracista?
Camila Marques: Hoje, eu quero falar sobre algo que aconteceu e que me trouxe algumas provocações. Recentemente, o Magazine Luiza abriu um processo seletivo para trainee em 2021, somente com pessoas negras. Neste período de pandemia, o grupo Magazine Luiza se destacou muito no quesito de gestão, por ter fortalecido o setor digital. A partir de um levantamento interno, a empresa se deu conta de que somente 16% dos cargos gerenciais são ocupados por pessoas negras. A ação, no entanto, gerou debate na internet. Uma juíza classificou a ação como um racismo reverso (a juíza do trabalho Ana Luiza Fischer Teixeira fez a seguinte declaração pelas redes sociais: “Discriminação na contratação em razão da cor da pele: inadmissível”).
Entretanto, graças à estrutura social gerada pela escravidão, há um racismo estrutural muito grande, sim. Comparados com pessoas pretas, pessoas brancas possuem maior instrução e estão em cargos de chefia. Conforme dados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, brancos ganham 45% a mais que negros. Fazendo essa comparação entre mulheres brancas e negras e mulheres negras e homens brancos essa diferença só se acentua. A desigualdade no quesito de estudo gera consequências quando avaliamos quem são os profissionais que estão no cargo de chefia. Quanto menos instrução as pessoas negras têm, menos acessos aos espaços privilegiados elas terão. Em entrevista ao portal G1, a filósofa Djamila Ribeiro deu a seguinte declaração:
“Não existe racismo de negros contra brancos ou, como gostam de chamar, o tão famigerado racismo reverso. Primeiro, é necessário se ater aos conceitos. Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder. Negros não possuem poder institucional para serem racistas. A população negra sofre um histórico de opressão e violência que a exclui.”
Ao ser consultado, o Ministério Público do Trabalho declarou que a medida do Magalu era totalmente legítima e estava de acordo com o Estatuto da Igualdade Racial . Racismo reverso não existe.
Selma Sueli Silva: Eu tenho que trabalhar muito a minha cabeça porque isso me causa muita raiva. Isso me causa sentimentos não tão bons. Porque, é muito fácil do alto do próprio privilégio, a pessoa falar em racismo reverso. Demonstra que ela sequer sabe o que um negro brasileiro sofre. Por exemplo: vamos colocar a mãe branca pobre e a mãe negra pobre, que passam dificuldades. A mãe negra, quando chega na fase da adolescência, vai ter que educar o filho para tomar cuidado com abordagens da polícia, para não ser confundido com bandidos. Será que a mãe branca passa por isso também? Será que a mãe branca tem que falar isso para uma criança? Porque a mãe negra tem. Antes de pensar no futuro do filho, a mãe negra tem que pensar se esse filho vai passar vivo pela adolescência. Porque, na adolescência, se ele tiver em condições iguais a uma criança branca, ele corre um risco bem maior de ser morto na adolescência e na juventude. Então falar que existe racismo reverso no nosso país é o mesmo que se dizer ignorante de nossa história história.
Recentemente, eu tive o caso de uma pessoa que disse que passou em um processo seletivo para entrar em uma loja. Ela foi aprovada, mas depois do processo, já trabalhando, os colegas contaram que a gerente falou: “tenho uma candidata muito capacitada, mas eu tenho medo da reação das clientes.”. Ainda bem que a dúvida da gerente parou por aí. Será que uma pessoa branca iria passar por isso? Você consegue imaginar que a pessoa negra, na busca por acessos tenha que passar por isso? Coisas do tipo dizerem que a lei de cotas, também, seja racismo reverso, mesmo após 17 anos de sua implementação? Ou seja: o racismo continua impregnado. Como pode uma classe branca privilegiada questionar algo de uma classe que sofreu 300 anos de escravidão no nosso país? Como essas pessoas ousam comparar isso? Então, isso me traz sentimentos muito ruins. Quando eu era mais jovem, tentando ingressar no mercado de trabalho, eu disse: “Nossa, minha vida é tão difícil, eu vim de favela, pobre e ainda sou mulher.” E pensava: “Ainda bem que eu não sou preta”. Porque senão, toda a dificuldade que eu passei, como branca, teria sido muito maior. Então, não me venham falar de igualdade entre o acesso de pessoas pretas e brancas à educação, saúde, mercado de trabalho. Se fosse igual, a mulher preta teria passado pelas mesmas dificuldades que eu passei por causa das questões econômicas e sociais e teria o mesmo resultado. E, isso não é verdade. Então, parabéns ao Magazine Luiza e a Luiza, que sempre está à frente na gestão de seus negócios. Infelizmente, existem cabeças pequenas que não conseguem acompanhar isso. É preciso estudar humanismo e humanidade porque são pensamentos discriminatórios que constroem uma sociedade cruel e segregacionista.
Camila Marques: Inclusive, a Luiza Trajano é hoje a mulher mais rica do Brasil. Há algum tempo, eu fiz um curso com ela e, realmente, ela trabalha essa questão do humanismo, embora não declaradamente. Magazine Luiza começou em Franca, no interior de São Paulo, e é uma empresa familiar. Aqui, destacamos a gestão feminina. No curso, ela aborda a questão da gestão em tempos de crise, da digitalização. Em um determinado momento, a Luiza apontou que a pandemia somente acelerou o que estava por vir, que as empresas hoje têm que pensar em crescer sem deixar ninguém para trás. No grupo Mulheres pelo Brasil, ela faz um trabalho em pensar ações para as mulheres e no incentivo a elas. Na sua empresa, ela teve essa ação assertiva, na pandemia, de não demitir, realizando doações financeiras e de insumos durante este período. Suspendeu o contrato dos freelancers, mas manteve os funcionários efetivos em home office.
De maneira geral, no setor do varejo, durante a pandemia, muitos vendedores estavam trabalhando com suas vendas pelo WhatsApp, uma vez que houve demissões em massa no setor.
Selma Sueli Silva: Em 1999, eu fiz a minha especialização em comunicação e gestão empresarial. A Luiza já era um case de sucesso, já era citada. A medida em que ganhava prêmios e reconhecimento, ela já dizia que era preciso sempre se superar, porque se manter no topo era mais difícil do que chegar lá. Agora, com esse processo de trainee 2021, somente para pessoas pretas, ela reconhece que não deu a mesma oportunidade a brancos e negros. Há que ter mais ações como essa, para que mais e mais boas ações venham a nos inspirar para acontecer em um número bem maior.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Tenho 44 anos, sou de cor amarela, descendente de japonês com italiano e morei nos EUA por 7 anos, dos 5 anos aos 12 anos. Morei no Brooklyn, Nova York. Bairro de maioria negros. Pra ter um ideia l, na minha escola tinha 5 famílias de brancos. Todo santo dia, a partir da 2 série, um grupo de negras, sempre as mesmas, pegava meu dinheiro da merenda e me jogava dentro do lixo, por quase dois anos fiquei sofrendo esse tipo de agressão e fora os xingamentos de branquela azeda e chinesa q eu ouvia. chorava todo dia e não sabia o pq eles estavam fazendo isso comigo. até eu assistir todo mundo odeia o Chris. Então não vem com esse negócio de que não existe racismo de negro contra branco pq existe sim, e não é nada de racismo reverso ou sei lá o q, no dicionário tá bem claro que racismo é “preconceito, discriminação ou antagonismo por parte de um indivíduo, comunidade ou instituição contra uma pessoa ou pessoas pelo fato de pertencer a um determinado grupo racial ou étnico, tipicamente marginalizado ou uma minoria”. Resumindo, racismo é racismo e ponto. Como sou uma pessoa de boa, não guardei mágoa, tanto é q namorei um negro por 9 anos e sempre me dei bem com pessoas de outras raças e cor.
Em termos estruturais o racismo é de branco pra preto.Mas na sociedade ,no mundão existe preto q odeia branco e vice versa. Como existe preto q não gosta de preto e de ninguém e branco também q odeia a tds.Isso pra mim é uma coisa de caráter, índole.Quando as pessoas criarem a consciencia de q somos tds seres humanos, irmãos tdo isso terá fim e o mundo será bem melhor.