Blog

Transtornos de Aprendizagem, deficiência intelectual e inclusão

Sophia Mendonça

O transtorno do Espectro Autista pode trazer à pessoa autista algumas condições coexistentes, até há pouco tempo chamadas de comorbidades neurológicas. Algumas delas são o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), enxaquecas e cefaléias; os distúrbios do sono; os transtornos genéticos sindrômicos; as encefalopatias crônicas e as paralisias cerebrais, transtornos de aprendizagem e déficit intelectual. Sendo assim, todas elas (uma ou mais) podem coexistir em uma criança com TEA.

É importante saber dessas condições pois, muitas vezes, é exatamente a condição coexistente que está realmente atrapalhando a criança a ter um maior engajamento social e cumprir tarefas e atividades escolares. Além disso, essa associação é responsável por intensificar as características do cérebro neurodivergente, o que traz maiores prejuízos nos processos sociais.

Outra condição coexistente que afeta a criança é a deficiência intelectual, porque ela dificulta que a criança atinja situações ou patamares primários da aprendizagem básica na escola. É bom lembrar que, o TEA e a Deficiência Intelectual (DI) apresentam sintomas distintos quando eles se manifestam de forma independente.

No entanto, a DI como condição coexistente do autismo é observada em aspectos cognitivos, o que pode aumentar a dependência da criança em atividades nas quais ela já teria determinada autonomia. Além disso, essa relação é acaba por diminuir as chances de inclusão na escola e no ambiente profissional devido ao despreparo da sociedade em lidar com ela de maneira satisfatória.

Pesquisas apontam que a pessoa diagnosticada com TEA e DI associados costuma apresentar um desempenho adaptativo aquém do esperado, além de sintomas mais graves do transtorno.

A jornalista Sophia Mendonça conversou com a psicóloga Ana Pascotto sobre essas duas últimas: transtornos de aprendizagem e déficit intelectual. Para a psicóloga, a criança com DI pode aprender sim, pois a aprendizagem é um mecanismo complexo que depende de um conjunto de habilidades como memória, atenção, além das funções cognitivas. Ana Pascotto ressalta que quando se tem o acompanhamento transdisciplinar e as ferramentas necessárias, além das adaptações específicas para cada aluno, é possível aprender sempre.

Para Ana, a dificuldade está na sociedade que tem uma ‘caixinha fechada’ que trata a aprendizagem engessada na fórmula de memorizar, fazer prova, responder questões fechadas. Ela chama a atenção para que, na verdade, a aprendizagem acontece de várias maneiras, até no nosso dia a dia, como acontece com o próprio autista em que os profissionais direcionam para que ele possa aprender a generalizar no ambiente em que vive, além de brincar para aprender.

Na vivência da psicóloga ela observa que é importante individualizar a criança ou adulto, enxergar suas potencialidades e não se restringir nas limitações e dificuldades apresentadas. “O foco deve ser no que ela consegue fazer e não naquilo que ela não consegue”, esse, para Ana é o preceito básico da aprendizagem.

Entretanto, a psicóloga reconhece que, nos últimos anos, a inclusão está sendo mais efetivas nas escolas e faculdades: “o suporte, medidas consideradas pequenas, como uma prova para o autista mais objetiva, com menos texto, a pergunta direta de ‘o que é isso’ para o estudante com deficiência intelectual, um ledor para o disléxico, prova oral para alunos com dificuldades de colocar as ideias no papel.”, são questões básicas que não exigem mudar toda a estrutura da escola, como muitos administradores acreditam. Com o tempo e com suas características respeitadas, o aluno vai ganhando autonomia, pois é “um trabalho em equipe que não será eterno”. O aluno só precisa de um estímulo vindo da equipe de inclusão da escola, mediadora, intérprete educacional e outros profissionais.

Mundo Autista

Posts Recentes

A música Firework, de Katy Perry, é um hino budista?

Você sabia que a música Firework, de Katy Perry, é um hino budista? Confira a…

33 minutos atrás

Crítica: Enfeitiçados (2024)

Enfeitiçados parte de uma premissa inovadora e tematicamente relevante. O filme traz uma metáfora para…

2 dias atrás

Crítica: A Nonsense Christmas with Sabrina Carpenter

Sophia Mendonça resenha o especial de Natal A Nonsense Christmas with Sabrina Carpenter, com esquetes…

2 dias atrás

O autismo na série Geek Girl

O autismo na série Geek Girl, uma adaptação da Netflix para os livros de Holly…

4 dias atrás

Crítica: Os Fantasmas Ainda Se Divertem (2024)

Os Fantasmas Ainda se Divertem funciona bem como uma fan service ancorada na nostalgia relacionada…

4 dias atrás

Crítica: Ainda Estou Aqui (2024)

Ainda Estou Aqui, com Fernanda Torres, recebeu duas indicações ao Globo de Ouro e está…

7 dias atrás

Thank you for trying AMP!

We have no ad to show to you!