Maurício de Sousa fala sobre André - personagem autista da Turma da Mônica - O Mundo Autista
O Mundo Autista

Maurício de Sousa fala sobre André – personagem autista da Turma da Mônica

Selma Sueli Silva

O podcast “Introvertendo”, parceiro de “O Mundo Autista”, traz hoje, em sua edição, entrevista com o criador do André, Mauricio de Sousa. Na conversa com os jornalistas Tiago Abreu e Francisco Paiva Júnior, editor-chefe da Revista Autismo, o pai da Turma da Mônica se declara muito interessado em tudo que diz respeito ao autismo.

O início

Em 2003, o Instituto Mauricio de Sousa lançou o personagem André, um garotinho autista, para fazer parte da Turma da Mônica. Ele apareceu pela primeira vez na revistinha promocional, “Turma da Mônica – Um Amiguinho Diferente”. André tem interesses específicos e interessantes, como montar incríveis quebra-cabeças.

Em setembro de 2019, foi a vez de a Revista Autismo destacar a inclusão e o acolhimento da Turma da Mônica, não só dentro das histórias, mas também dentro dos Estúdios da Mauricio de Sousa Produções (MSP), que teve um dia especial para receber autistas. Desde fevereiro do mesmo ano, a revista traz a história em quadrinhos do André, em histórias exclusivas nas suas edições.

Fonte: Revista Autismo

Podcast “Introvertendo” com Mauricio de Sousa

Agora é a vez do podcast “Introvertendo” trazer uma entrevista com o criador do André. Na conversa com o jornalista Tiago Abreu, o cartunista, empresário, escritor e pai da Turma da Mônica se declara muito interessado em tudo que diz respeito ao autismo. Ele explica: “Temos personagem autista agora na Turma da Mônica e estamos estudando em profundidade como os autistas estão se introduzindo na sociedade e quem me ajuda muito nisso é o meu amigo Francisco Paiva Júnior.”

Francisco é jornalista e editor-chefe da Revista Autismo. Ele questionou Mauricio sobre a participação de autistas nos roteiros das histórias do André. O cartunista explicou que “todo mundo que conhece autistas, por exemplo, percebe que autista desenha muito bem. E se está desenhando, também vai escrever. Então nós conseguimos realmente encontrar algumas pessoas no espectro autista que desenham muito bem, escrevem a respeito, que falam a respeito, então começou a se abrir um universo, um mundo de possibilidades. E nós temos mais informações, estamos mais bem informados, estamos mais influenciados pelos autistas e isso vai continuar.”

Mauricio lembrou que os autistas estão saindo do anonimato e estão se comunicando. Ele destacou que “alguns autistas, ao conhecer a Turma da Mônica, geralmente gostam muito de ter conhecimento sobre os personagens e entenderem, na medida da possibilidade de cada um, as histórias. Só que alguns adotam o personagem como uma maneira de se comunicar. Um garotinho de uns 6 ou 7 anos, tinha algumas dificuldades na comunicação verbal com os pais. Até que ele começou a ver o Chico Bento nas histórias em quadrinhos, gostou, assimilou, e virou o Chico Bento, se vestia igual ao Chico Bento, falava igual ao Chico Bento e daí, quando ele começou a falar igual ao Chico Bento, ele começou a se comunicar com os pais. Depois de algum tempo ele foi se libertando do Chico Bento e foi continuando a comunicação. E então o menino, agora um jovem, se lembra da história, conversa a respeito e graças à comunicação, ele está convivendo socialmente.” Para o cartunista, esses fenômenos são muito interessantes e trazem esperança de que os personagens das historinhas estejam abrindo portas para comunicação dos autistas desde crianças.

No fim do ano passado, Mauricio de Sousa conheceu outro cartunista, Rodrigo Tramonte, que é autista. Os dois conversaram e Rodrigo contou algumas coisas sobre o Transtorno do Espectro Autista. De acordo com Mauricio, o encontro trouxe um aprendizado que vai enriquecer ainda mais o universo do André.

Um pouco antes desse encontro, em julho de 2019, aconteceu um dia especial para receber autistas nos estúdios da Mauricio de Sousa Produções. O cartunista confessa (e pede divulgação) que gostaria, inclusive, de repetir a experiência assim que essa fase de isolamento social passar.

O jornalista Tiago lembrou que André era “totalmente não vocal” no primeiro gibi de 2003, e mais recentemente as dificuldades de comunicação verbal diminuíram um pouco. Mauricio ponderou que “assim como acontece na vida real, ele já deveria estar começando a se comunicar um pouquinho com mais liberdade, com mais abertura, porque daí quem está acompanhando a vida do personagem vai perceber a evolução.” A possibilidade de “abrir as janelas para a fala, na compreensão do entendimento para o André” já está sendo estudada e quando vier a mudança, essa evolução será explicada na história.

Mauricio finaliza reforçando que “a criançada no mundo inteiro merece ter a Turma da Mônica, merece os nossos personagens e ter as mensagens que nós colocamos também nos nossos produtos. Mensagens comportamentais, morais, de toda maneira. Eu gosto disso, adoro trabalhar nisso, nasci pra isso e, pelo visto, nossos funcionários e artistas também estão lá para isso. Na nossa empresa existem diversos funcionários com mais de 50 anos de casa. De 40, vários. De 30, bastante. O pessoal entra, gosta e fica. E com isso eles se aperfeiçoam para podermos chegar, até ao nosso público, uma história que se baseia no nosso histórico, nossa filosofia, no estilo que mantemos desde os primeiros tempos. É um trabalho adorável.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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