Bem antes de termos discussões abertas sobre neurodiversidade na cultura pop, Yoshiyuki Tomino já nos entregava uma representação autista potente e orgânica em Mobile Suit Zeta Gundam (1985). Kamille Bidan é um marco: o primeiro protagonista autista das animações, e isso tudo sem estereótipos, sem reducionismos.
Sobre Kamille Bidan, o primeiro protagonista autista dos animes
Kamille não é um “gênio frio” ou um “incapaz de sentir emoções”, como tantos personagens autistas foram moldados ao longo do tempo. Ele sente tudo intensamente. A forma como reage a injustiças, sua hipersensibilidade emocional e seu olhar desafiador para o mundo ao seu redor fazem dele um personagem profundamente humano e realista.
Portanto, a narrativa de Zeta Gundam não trata o autismo de Kamille como um rótulo, mas como parte de sua identidade. Com isso, o autismo influencia suas relações, desafios e conquistas. Ele não precisa “superar” quem é – ele cresce, resiste e se fortalece sendo autista.
Dessa forma, mesmo após quase 40 anos, Kamille continua sendo um exemplo atemporal de representação. Afinal, ele é um protagonista autista, complexo e intenso, que nos lembra que diversidade não é um detalhe, mas algo que pode enriquecer profundamente qualquer história.
Autor
Arthur Ataide Ferreira Garcia é autista, ativista e palestrante. Vice-presidente da Autistas Brasil e Idealizador da Lei Estadual 17.759/2023. Estudante de Medicina na Unimes.
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