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Desafios do cotidiano autista: da ansiedade ao senso de direção

Hoje aconteceu uma situação desagradável. E que me trouxe alguns Desafios do cotidiano autista: da ansiedade ao senso de direção.

Hoje aconteceu uma situação desagradável. E que me trouxe alguns Desafios do cotidiano autista: da ansiedade ao senso de direção.

Hoje aconteceu uma situação desagradável. E que me trouxe alguns Desafios do cotidiano autista: da ansiedade ao senso de direção. Eu marquei um salão para sábado, 8h30.  Unhas do pé e da mão. Porém, acordei atrasada. Portanto, já estava um pouco nervosa. Ainda assim, corri e me arrumei. Saí para a rua em cima da hora. Peguei meu celular, com pressa  O salão fica muito perto do meu condomínio. Então, nem compensa pedir uber. Passei ‘voando’ pelos porteiros, sem esquecer de dar ‘bom dia’, e fui correndo para o salão. Já estava no período da tolerância, que era até 8h40.

Quando entrei na rua do salão, apressei o passo. Comecei a me sentir mal. Afinal, a minha respiração estava ruim. Olhei para o lado da rua onde o salão fica e me perguntei: cadê? Lembrei de um estabelecimento que às vezes uso como ponto de referência. Mas, também não vi. Olhei para as esquinas dos quarteirões, porque também costumo me guiar a partir delas. Mas, nenhum sinal de nada que me era conhecido. Peguei o celular para avisar que provavelmente não chegaria a tempo… E, na pressa, tinha pegado um modelo antigo, que só funcionava com wifi. 

E agora?

Andei um pouco para frente e um pouco para trás. Foi aí que concluí: eu com certeza tinha passado do ponto. Bateu-me um desespero. Não queria passar a impressão de descaso para as manicures e cabeleireiras. Por isso, na volta, tentei ainda olhar para ver se encontrava o salão. Sei que passei por ele, porque é lógico, mas a impressão é que estava em um lugar distante.

Então, redigi uma mensagem para o whatsapp do salão. Assim, expliquei o que aconteceu. Pensei que, quando chegasse em casa e o wifi voltasse a funcionar, ela seria enviada. E foi, de fato, o que aconteceu. Mas cheguei em casa muito nervosa. O cotidiano de uma pessoa autista é bem complicado. Principalmente quando envolve ansiedade e, em alguns casos, senso de direção. Afinal, existem autistas que conseguem até abstrair e ‘decorar’ caminhos como um hiperfoco. Mas, isso não é regra.

Em casos de dias assim, o importante é respirar e se atentar a cuidados básicos, como sono, remédios e alimentação. Inclusive, escrevi esse texto para organizar meus pensamentos. Mas, respirei fundo, determinada: hoje será um dia feliz!

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Autora do texto “Desafios do cotidiano autista: da ansiedade ao senso de direção”

Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.

Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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