“Herege” chegou para abalar certezas e deixar os espectadores roendo as unhas. O que mais impressiona neste filme não é apenas a atuação magistral do veterano Hugh Grant, mas a forma como as jovens Sophie Thatcher (Irmã Barnes) e Chloe East (Irmã Paxton) conseguem segurar a barra e fazer frente a ela. Com isso, o trio apresenta performances que nos deixam sem fôlego.
A trama, de início, te fisga com um questionamento à crença – especialmente a religiosa – que te provoca a querer saber onde tudo isso vai dar. É inquietante ouvir o personagem de Grant afirmar que cada um chegou à sua crença por livre escolha, porque quis. Uma premissa perturbadora que se desenrola de maneira brilhante.
O Início da Tensão: Uma Visita Inocente que Vira Entrevista em Herege
Duas jovens missionárias de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a Irmã Barnes e a Irmã Paxton, atendem a um pedido de informações de um homem peculiar, o Sr. Reed (Hugh Grant). Fielmente, elas se recusam a entrar na casa sem a presença de uma mulher. Mas Reed insiste que sua esposa está na cozinha assando uma torta de mirtilo, e elas podem até sentir o cheiro adocicado no ar. Convencidas, elas entram, dando início a uma discussão teológica que rapidamente se inverte. O Sr. Reed, em vez de ser o ouvinte, transforma as jovens em entrevistadas. Dessa forma, ele as questiona sobre fé e crença. Afinal, elas acreditam em um poder superior, assim como a presença da esposa do homem na cozinha. Afinal, lhes foi dito isso.
Uma Escalada de Medo e Questionamentos em Herege
Contudo, o Sr. Reed tem planos bem diferentes para as Irmãs Barnes e Paxton. Ele as submete a testes cada vez mais brutais. O que transforma a primeira metade do filme em uma experiência maravilhosamente tensa. As jovens tentam desesperadamente equilibrar sua vocação com o medo crescente. A partir disso, você se pergunta: elas conseguirão escapar dessa situação cada vez mais ameaçadora? Existe uma resposta “certa” para as perguntas do Sr. Reed?
A conclusão do filme, embora um tanto previsível para agradar a um público mais amplo, não desmerece a teia complexa e instigante que o drama psicológico construiu. O terror aqui geralmente não é explícito, mas o filme te leva a sentir medo de forma sutil. Há momentos em que as meninas apenas se olham, e esse silêncio constroi um ambiente de pavor. O toque de horror violento, embora possa agradar aos fãs do gênero, soou um pouco dispensável para mim, mas não tira o brilho do filme como um todo.
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Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG), ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Prêmio Microinfluenciadores Digitais 2023, na categoria PcD. É membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022. Como crítica de cinema, é formada no curso “A Arte do Filme”, do professor Pablo VIllaça.
Avaliação
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